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Fazendeiros acampam diante dos sem-terra no RS

Por Agencia Estado
Atualização:

Ao estilo dos sem-terra, os fazendeiros da zona sul do Rio Grande do Sul montaram um acampamento na localidade de Passo da Faxina, a 38 quilômetros do centro de Santana do Livramento. De lá, eles controlam a movimentação da um novo aglomerado de barracas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) instalado num assentamento, à distância de 1,5 mil metros. Entre um acampamento e outro, um destacamento de 12 agentes da Bridada Militar evita aproximações e provocações. O cenário é um retrato da tensão que tomou conta da região desde que o MST começou a criar novos acampamentos, no início do mês, e os fazendeiros, preocupados com a perspectiva de invasões, decidiram monitorar todos os movimentos dos sem-terra. ?Desta vez eles não vão entrar em fazenda alguma?, promete o diretor da comissão fundiária da Federação da Agricultura no Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira. O acampamento dos fazendeiros foi montado nesta segunda-feira. Tem poucas barracas, mas mantém pelo menos 50 pessoas no local, em sistema de rodízio estabelecido pelos sindicatos rurais de Dom Pedrito, Bagé, Santana do Livramento e Rosário do Sul. E é o novo movimento de um jogo que começou no início do mês e que não tem data para acabar. No dia 10 de março, os sem-terra de municípios como Candiota, Hulha Negra, Bagé, Dom Pedrito, Santana do Livramento, Cacequi, São Gabriel e Rosário do Sul começaram a viajar para Passo da Faxina, para montar o novo acampamento. Avisados, os ruralistas da região escoltaram os deslocamentos, revelando uma nova tática para evitar invasões, que Pereira promete repetir se houver saída em massa dos sem-terra reunidos em Santana do Livramento. ?Se for preciso, vamos acompanhá-los pelas estradas e impedir que façam invasões?, adianta. Os sem-terra, que já instalaram 150 famílias no acampamento e esperam a chegada de outras 200 famílias, queixam-se de provocações feitas pelos ruralistas. No domingo, em carreata que passou diante das barracas, os fazendeiros detonaram fogos de artifício. ?Ouvimos diversas ofensas diante de nossos filhos?, reclama o sem-terra Marcos Soares Jardim. Os ruralistas fundamentam suas suspeitas em informações de que o MST promoverá grandes mobilizações em abril e em descobertas localizadas. No sábado passado, a Polícia Rodoviária Federal encontrou uniformes da Brigada Militar dentro de um ônibus que levava sem-terra para Passo da Faxina. O MST tinha três acampamentos no Rio Grande do Sul até o final de fevereiro, com duas mil famílias, em Arroio dos Ratos, Capão do Leão e Júlio de Castilhos. No dia 3 de março, outras 400 famílias de sem-terra acamparam num terreno cedido pelo advogado Luiz Augusto Rodrigues em Pantano Grande, a 120 quilômetros de Porto Alegre. Não houve reação de fazendeiros da região. O acampamento de Passo da Faxina foi o quinto. E nesta terça-feira surgiu o sexto, com 150 famílias que saíram de Arroio dos Ratos e Pantano Grande e se instalaram numa estrada de Rio Pardo, diante da área rural de uma empresa que estaria devendo ao Banco do Brasil. O objetivo, disseram os líderes, não é invadir, mas pressionar o Incra a desapropriar a terra para a reforma agrária.

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