Fazendeiro é preso por manter trabalhadores escravos no PA

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Por Agencia Estado
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O fazendeiro Altamir Soares da Costa, proprietário da Fazenda Macaúba, a 150 km de Marabá, no sul do Pará, está preso desde domingo na sede da Polícia Federal daquele município, acusado de manter em suas terras 52 trabalhadores em regime de escravidão. A maioria foi contratada no Maranhão e Tocantins e estava na fazenda havia 60 dias, trabalhando apenas em troca de comida e sem receber salário. Entre os empregados havia três crianças e uma mulher grávida. Durante a prisão, foram apreendidos na fazenda dois revólveres calibres 32 e 38 e uma espingarda. Antes da chegada dos fiscais do Grupo Móvel do Ministério do Trabalho e dos agentes da PF, o "gato" - responsável pela contratação dos trabalhadores -, conhecido por Gilmar, fugiu armado pela mata. Costa prestou depoimento ontem e se comprometeu em pagar as indenizações dos trabalhadores nesta terça-feira. De acordo com a PF, o fazendeiro foi indiciado há uma semana por falsificar uma guia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para transportar madeira retirada ilegalmente de florestas da região. O procurador do Ministério Público do Trabalho, Marcelo Ribeiro, informou que os trabalhadores foram contratados para derrubar uma área de mata da fazenda e transformá-la em pasto. Ribeiro disse que a fiscalização encontrou na fazenda todos os elementos que caracterizam a redução dos trabalhadores a condição análoga a de escravos. Antes de chegar à fazenda, a 10 km do local, os policiais federais descobriram uma trilha aberta na mata fechada, onde os peões eram vigiados por Gilmar, que também exercia o papel de capataz. "Nunca peguei um centavo desde que fui trabalhar lá", contou o maranhense A.S., de 27 anos. Ele disse que todos eram impedidos de deixar a fazenda a não ser que pagassem pela comida vendida pelo próprio fazendeiro e cujo preço cobrado era maior que em qualquer pensão ou hotel de Marabá.

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