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Fazendeiro do Pará pede Justiça contra invasores

Vitório Guimarães diz que seus empregados são reféns de um grupo de sem-terra armado há uma semana e denuncia a ausência da polícia e da Justiça na região

Por Agencia Estado
Atualização:

O fazendeiro Vitório Guimarães da Silva, dono das fazendas Vitória Régia e Ouro Verde, invadidas por duzentas famílias sem-terra ligadas à Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) e com seus empregados reféns de um grupo armado há uma semana, denuncia a ausência da polícia e da Justiça na região. "Já pedi várias vezes para libertarem meu caseiro, a mulher dele e seus dois filhos, mantidos em cárcere privado, mas ninguém me atende", desabafou, informando que pretende levar o caso ao conhecimento do Ministério da Justiça e da Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Sem delegado há vários dias, a polícia de Santana do Araguaia diz não ter condições de resgatar os reféns nem enfrentar os invasores. Os sem-terra ocuparam as reservas florestais das duas áreas e montaram acampamentos. Os reféns, segundo Silva, foram ameaçados de morte caso tentem fugir. "Os invasores começaram a caçar antas, capivaras, pacas, porcos do mato, veados e até duas onças", relatou o fazendeiro. Três árvores na estrada da fazenda Vitória Régia foram derrubadas para evitar a passagem de veículos. Segundo um funcionário da fazenda que fugiu pela mata durante a ocupação, os invasores estão armados com espingardas de diversos calibres, pistolas e revólveres. Eles fundaram uma associação para respaldar as invasões. A entidade foi registrada em cartório de Santana do Araguaia no dia 17 de janeiro passado. Os lotes das duas fazendas estão sendo vendidos. Reservas As reservas da Vitória Régia e Ouro Verde são as únicas áreas particulares de reservas florestais que existem em todo o município de Santana. "O direito e a Justiça são antagônicos", afirma Vitório Guimarães da Silva, conhecido internacionalmente por defender e desenvolver o reflorestamento, principalmente de mogno, em suas terras. "Meu sonho era reflorestar, mas o que é justo não é direito e o que é direito não é justo", prossegue, acrescentando que agora pensa em vender a fazenda e ir embora do Pará, onde mora há 35 anos. Outra dificuldade encontrada pelo fazendeiro e pela população de Santana é a falta constante de delegado, promotor e juiz de direito na cidade. "Isso aqui é um esquecimento total por parte das autoridades", desabafa.

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