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Fazenda de irmão de Renan é invadida

Por Ricardo Rodrigues e MACEIÓ
Atualização:

Cerca de 400 famílias invadiram ontem a Fazenda Boa Vista, em Murici (AL), a 60 quilômetros de Maceió. A propriedade é do deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), irmão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que é alvo de processo no Conselho de Ética. Entre os invasores, há membros do Movimento dos Sem-Terra (MST), da Comissão Pastoral da Terra (CPT), do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) e do Movimento Terra Trabalho Liberdade (MTL). A ocupação abre os protestos de hoje pelo Dia do Trabalhador Rural. Haverá passeata e ato público em Murici - cidade do clã Calheiros, governada por Renan Calheiros Filho -, a partir das 9 horas, contra a grilagem e a violência no campo. ACUSAÇÃO O presidente do Senado é acusado de ter contas pessoais, como a pensão de uma filha, fruto de relação extraconjugal, pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. Para se defender, ele apresentou comprovantes de transações com gado em Murici, só que os valores eram bem acima do mercado. Há, ainda, suspeita de notas frias no negócio. Segundo o coordenador da CPT em Alagoas, Carlos Lima, os movimentos querem mostrar à sociedade ações criminosas, grilagem de terras, a miséria, a injustiça e o abuso de poder causado pelas oligarquias. "Murici ganhou fama de ter o gado mais produtivo do país, o gado do senador Renan Calheiros, enquanto a grande maioria do povo passa fome", justificou. "Políticos como os irmãos Calheiros impedem a efetivação da reforma agrária, porque são contra a distribuição de terra e de renda para mais de 12 mil famílias acampadas." PERÍCIA A Polícia Federal receberá hoje mais documentos para anexar ao "pacote" em poder dos oito peritos encarregados de aprofundar a investigação sobre a venda de gado das fazendas de Renan. O senador afirma, na defesa que enviou ao Conselho de Ética, que as operações lhe asseguraram rendimento de R$ 1,9 milhão, em quatro anos. Ele tenta provar que depósitos em sua conta, de R$ 4.260 a R$ 95.323, viriam dessas operações, não de eventuais pagamentos de favores a Gontijo. Já foram remetidas à PF Guias de Transporte Animal (GTAs) emitidas pela Agência de Defesa e Inspeção de Alagoas e notas fiscais que estavam em poder de Olavo Calheiros.

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