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Farmácias que vendem de tudo? Cuidado!

Por Agencia Estado
Atualização:

De balas e chocolates inofensivos a remédios de uso controlado que podem causar dependência. Há farmácias que vendem de tudo e as irregularidades proliferam. Só no ano passado, o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) encaminhou 11.769 denúncias sobre drogarias de São Paulo e do interior à Vigilância Sanitária. Mesmo assim, o CRF-SP continua detectando irregularidades em sua fiscalização de rotina. Entre as mais prejudiciais à saúde está a venda de medicamentos de uso controlado sem receita médica. São calmantes e inibidores de apetite de tarja preta, que, por lei, só podem ser vendidos sob prescrição médica. Além disso, o balconista da farmácia tem de reter a prescrição, feita pelo médico em formulário especial. As farmácias também têm sido procuradas por adolescentes, muitos de escolas particulares, que compram calmantes e estimulantes para usar como droga. A costureira Cristiane Silva Ferreira, de 24 anos, leva a sério o uso de remédios. Ela reluta até em comprar antibióticos receitados pelo médico para seu filho Pablo, de 4 anos. "Não trouxe a receita, mas foi o médico que receitou", diz Cristiane, referindo-se ao antibiótico que estava comprando na drogaria. Já a professora aposentada Yolanda Castro Brandão, de 82 anos, confessa comprar calmante sem receita médica. Ela aproveita suas viagens até o interior de Minas Gerais para isso. Lá, tem conhecidos que são donos de farmácia. "Tomo só um pedacinho do comprimido para dormir", diz, para justificar a prática arriscada. O presidente do CRF-SP, Francisco Caravante Júnior, alerta: há estabelecimentos na periferia de São Paulo e no interior do Estado onde a venda dos remédios de tarja preta é livre. "É onde a fiscalização da Vigilância Sanitária tem mais dificuldade para chegar." O uso de remédios de tarja preta sem acompanhamento médico pode levar à dependência. Há casos em que um mês é suficiente para isso. Caravante explica que o CRF-SP faz sua parte - detecta os problemas. A entidade não tem poder de fechar a farmácia, o que cabe à Vigilância Sanitária de cada município. "A Vigilância tem de colocar equipes de fiscais na rua todos os dias, como fazemos no CRF-SP." No interior, o trabalho da Vigilância Sanitária está municipalizado. São Paulo está atrasada nesse processo e, por isso, a fiscalização ainda é estadual. Segundo Caravante, a Vigilância Sanitária responsável por São Paulo não consegue cuidar de todas as irregularidades encontradas pelo CRF-SP. O diretor do núcleo 5 da Vigilância Sanitária, Paulo Nakano, explica que denúncias de irregularidades recebidas pelo órgão são triadas. "Damos prioridade para as que oferecem alto risco à saúde." Nessa lista está a venda de remédios de tarja preta sem receita médica. "O consumidor deve exigir a presença do farmacêutico na farmácia", recomenda Nakano. A falta do profissional dá margem aos outros problemas detectados pelo CRF-SP. "Se o farmacêutico está presente, os problemas são menores", completa Caravante. Pela lei, as farmácias só podem vender remédios e produtos correlatos (cosméticos e artigos óticos, por exemplo). "As farmácias estão tentando se transformar em lojas de conveniência", diz Caravante. "Isso descaracteriza a função essencial desses estabelecimentos que é a de prestar assistência à saúde."

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