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FAO alerta para crise alimentar e propõe restrição a preços

Por YOKO KUBOTA
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O mundo se encaminha para uma crise alimentar que ameaça causar instabilidade política, e é necessário impedir a especulação com o preço das commodities, disse o diretor-geral da FAO (órgão da ONU para alimentação e agricultura) em declarações publicadas na terça-feira. "Os preços mais altos e voláteis continuarão nos próximos anos se deixarmos de combater as causas estruturais dos desequilíbrios no sistema agrícola internacional", afirmou Jacques Diouf em comentários enviado por escrito ao jornal japonês Nikkei. O senegalês disse também que o mundo pode estar à beira de outra grave crise alimentar, e que os subsídios e tarifas sobre produtos agrícolas têm um papel importante na distorção do equilíbrio entre oferta e procura. Em um relatório publicado neste mês, a FAO disse que seu índice global de preços alcançou um recorde em dezembro, superando os níveis de 2008, quando uma alta generalizada no custo da alimentação desencadeou distúrbios em diversos países. Devido a questões climáticas, o preço de vários tipos de grãos pode subir ainda mais neste ano. Diouf disse ao jornal que as populações mais pobres novamente serão as mais afetadas, e que isso "irá gerar instabilidade política em (alguns) países e ameaçar a paz e a segurança mundiais". As preocupações de Diouf ecoam declarações feitas na véspera pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, no início de seu período como presidente do G20. Sarkozy cobrou medidas contra a especulação no valor dos alimentos, tomando como exemplo os controles internacionais que já existem nos mercados financeiros. Diouf afirmou que há "uma necessidade premente de novas medidas de transparência e regulamentação para lidar com a especulação sobre os mercados futuros de commodities agrícolas". A FAO estima que nos próximos 40 anos será necessário um aumento de 70 por cento na produção agrícola mundial e de 100 por cento nas nações em desenvolvimento para atender à demanda provocada pelo aumento populacional. Isso, segundo Diouf, exige uma verba de 44 bilhões de dólares por ano em ajuda oficial ao desenvolvimento agrícola. O investimento privado, por sua vez, deveria passar de 60 para 200 bilhões de dólares por ano. O dinheiro, acrescentou, deveria ser usado para financiar pequenas obras de controle hídrico, silos, estradas vicinais, portos pesqueiros e abatedouros nos países em desenvolvimento.

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