PUBLICIDADE

Falta leite humano para bebês prematuros ou doentes

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar de ter constituído o maior estoque de leite humano do mundo, o Brasil ainda apresenta expressivo déficit em relação à demanda. A constatação é da Coordenação do Centro de Referência Nacional de Leite Humano, instalado no Instituto Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). De acordo com o coordenador do centro e da Rede Nacional de Bancos de Leite, João Aprígio, nos últimos três anos o País coletou 170 mil litros de leite humano - volume 70% inferior ao necessário para atender a demanda nacional. De 1998 até o ano passado, foram atendidas 1,5 milhão de mulheres e 255 mil crianças prematuras e/ou muito pequenas internadas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) neonatais da rede pública. "Ainda falta informação e empenho", analisa Aprígio. Os bancos de leite são utilizados para atender as mulheres de baixa renda que enfrentam algum problema durante o processo de amamentação. Trata-se de um projeto implantado pelo IFF, como forma de reduzir a possibilidade de óbito entre recém-nascidos prematuros e crianças muito pequenas, abaixo do peso. "Esse trabalho é muito importante porque aumenta a imunidade dos recém-nascidos e reduz a possibilidade de óbito", frisa. O médico afirma que a iniciativa é importante porque, além de o leite materno ser insubstituível, do ponto de vista da qualidade de sobrevivência, ele neutraliza os efeitos de certos organismos, como as bactérias do iogurte, por exemplo, que podem trazer problemas para uma criança prematura que não se alimentou de leite materno. O coordenador do Centro de Referência observa que, toda vez que o Ministério da Saúde e órgãos afins deflagram alguma campanha, a resposta das mulheres é imediata. Ocorre, porém, que esta não é uma ação permanente. "Os próprios médicos não se empenham. Só mencionam a existência dos bancos de leite quando algum paciente precisa. Mas não o divulgam como uma referência permanente de coleta", explica. Existem hoje mais de 154 bancos de leite espalhados pelo País. No ano passado, foram abertas 13 novas unidades. Outras 32 estão previstas para este ano - uma delas será inaugurada nesta terça-feira, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. O médico João Aprígio assinala que, nos últimos anos, o Ministério da Saúde vem desenvolvendo eficiente trabalho para melhorar a qualidade e o volume de coleta de leite humano. Tanto que, há três anos, iniciou uma ação conjunta com a Defesa Civil, e a quantidade coletada melhorou significativamente. Desde 1999 o Distrituto Federal atingiu a autosuficência e passou a ser a rede-objetivo do trabalho. Desde então, o volume coletado saltou de 12,1 mil litros/ano para 20 mil litros de leite humano em 2001. Os bombeiros fazem o atendimento residencial, tanto de coleta quanto de atendimento às mulheres. No ano passado, a Fiocruz recebeu prêmio de eficiência da Organização Mundial de Saúde .

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.