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Falta de explicação 'plausível' de Flávio incomoda militares e equipe de Moro

Integrantes do governo Bolsonaro admitem 'grande desconforto' com suspeita levantada pelo Coaf sobre depósitos na conta pessoal do filho do presidente

Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Tania Monteiro e Eduardo Rodrigues
Atualização:
Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro Foto: Fabio Motta/Estadão

BRASÍLIA - A falta da apresentação de uma justificativa “plausível” para os depósitos de R$ 96 mil na conta do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, incomodou integrantes da equipe do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Neste sábado, 19, Flávio visitou o pai no Palácio da Alvorada. Havia a expectativa de que o parlamentar desse explicações após o encontro.

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A demora por uma reação consistente está causando “grande desconforto” entre setores do governo. Além do grupo de Moro, militares não escondem o incômodo, apesar de manterem a defesa enfática do presidente. Para eles, esta “não é uma crise do governo”, mas há a avaliação de que a repercussão sobre as movimentações atípicas detectadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) pode atingir a imagem do presidente.

Um dos interlocutores de Bolsonaro ouvidos pelo Estado afirmou que continua valendo “a máxima de que a mulher de César não precisa apenas ser honesta, mas tem de mostrar que é honesta”.

Entre os interlocutores próximos do presidente, era esperado que, ainda na tarde deste sábado, Flávio se manifestasse sobre o relatório do Coaf revelado na sexta-feira pelo Jornal Nacional, da TV Globo. Segundo a reportagem, o Coaf detectou 48 depósitos suspeitos feitos em dinheiro na conta pessoal do deputado, no valor total de R$ 96 mil. Os repasses foram feitos entre junho e julho de 2017 em um caixa eletrônico da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

O Estado mostrou neste sábado que as investigações do caso Coaf começaram há seis meses e envolvem esquemas suspeitos de  “lavagem de dinheiro e ocultação de bens”.

Reação. Parte do governo avalia que o objetivo da investigação do Ministério Público do Rio é atingir a imagem de Bolsonaro. Desde ontem, o presidente  tem se mostrado “chateado” com o que considera “ataques” contra seu filho. Para um grupo próximo a Bolsonaro, a cada hora que passa sem explicações, a contaminação acaba sendo inevitável.

Em sua página no Facebook, Flávio Bolsonaro atacou o Ministério Público do Rio dizendo que seu sigilo bancário foi quebrado "sem autorização judicial" e "vazados propositalmente".

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"A história que inventaram sobre os depósitos em minha conta, querendo insinuar que possuem alguma relação com meu ex-assessor, é uma mentira deslavada que terei o prazer de derrubar com provas reais e documentais", escreveu o senador eleito.

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