PUBLICIDADE

Falta anticoagulante para hemofílicos no Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

A baixa no estoque de anticoagulantes do Hemorio obrigou a direção do banco de sangue estadual a racionar a distribuição do medicamento, essencial para conter a hemorragia em pacientes com hemofilia. Embora mensalmente seja necessário um milhão e 200 mil unidades do Fator VIII, usado para quem tem o tipo A da doença, existem hoje na instituição apenas 250 mil unidades, ou seja, 20% do total considerado ideal. No caso do Fator IX, para a hemofilia B, há 60 mil unidades, cerca de 30% do que banco de sangue precisa. "Como o estoque está baixo, deixamos de enviar as doses domiciliares, que são distribuídas para cerca de 15% dos 800 pacientes atendidos pelo Hemorio", disse o chefe da Hemoterapia, Luiz Amorim. No entanto, de acordo com o presidente da Associação dos Hemofílicos do Estado do Rio, Luiz Felipe Machado, até mesmo os pacientes que não estão inscritos no programa especial têm encontrado dificuldades para obter os anticoagulantes. Para conseguir as duas doses diárias de 1.500 unidades para o filho Luiz Carlos, de 30 anos, que está internado com hemorragia cerebral desde sábado, Arina Célia de Morais Soares precisar ir ao Hemorio duas vezes ao dia. "É um sufoco. Se houver algum problema e ele precisar tomar mais de uma dose em um intervalo menor de tempo, não sei como vai ser", disse. Segundo Amorim, a situação no estoque do Hemorio começou a agravar-se há um mês. "Como o setor está sendo reestruturado por causa da máfia dos hemoderivados, houve uma queda grande no estoque", afirmou ele, referindo-se à Operação Vampiro, deflagrada em maio, quando foram presas 17 pessoas acusadas de fraudar licitações para a compra do medicamento pelo ministério. O superfaturamento pode ter dado um prejuízo de R$ 2 bilhões, entre 1990 e 2002. Por não produzir os hemoderivados, o Brasil depende das 11 empresas que têm licença para importar o produto. "No mundo todo são apenas 21 fábricas". O Ministério da Saúde informou, por meio de nota, estar "atento às necessidades de reposição de hemoderivados em cada Estado" e disse que está trabalhando na manutenção dos estoques para "garantir o atendimento dos pacientes e evitar o desabastecimento da rede". Afirmou ainda que deve distribuir 8 milhões e 800 mil unidades de anticoagulantes durante o processo de reposição e que, até o fim do mês, terá recebido a remessa de compra emergencial, que é suficiente para abastecer o mercado por 90 dias. Serão adquiridos 7,5 milhões de unidades de fator VIII, 38 milhões e 200 mil unidades de Fator IX.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.