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Falha técnica teria causado apagão no painel da Câmara

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma falha técnica teria causado o travamento do painel eletrônico da Câmara, na quarta-feira, durante a votação do projeto que muda o artigo 618 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e permite que convenções e acordos coletivos prevaleçam sobre a lei. Essa foi a conclusão inicial dos três peritos da Unicamp que ontem deram início à auditoria no painel e foi dita durante uma reunião com diretores da Câmara e funcionários da Montreal, a empresa que cuida do computador. A falha teria ocorrido logo depois que o painel foi aberto para a primeira votação, na quarta. Cerca de 20 parlamentares haviam registrado a sua presença, quando, por causa de uma questão de ordem do deputado Professor Luizinho (PT-SP), o painel foi zerado. O sistema registrou a abertura do painel como se fosse a sessão 249 e pulou para o número seguinte, a 250. Como o painel ficara aberto por poucos minutos, técnicos da Câmara recuaram o número para a sessão 249. Assim, evitariam uma falha na seqüência de sessões. Acontece que o computador central do painel tem um sistema de segurança destinado a impedir a superposição de dados. Registradas duas sessões 249, o erro começou a ser avisado. Quando o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), acionou o botão que mostraria o resultado da votação, o computador travou. Aécio esperou por cerca de 10 minutos, mas o resultado não apareceu. Decidiu então fazer a votação nominal, como pedia a oposição. Para não se exporem frente às câmaras de televisão no momento em que anunciavam o voto ? e, assim, fornecerem imagem para as campanhas eleitorais de seus adversários -, os parlamentares da bancada governista se retiraram. A votação teve de ser suspensa por falta de quorum. Aécio Neves quer retomá-la na terça-feira. A equipe de técnicos da Unicamp não garante terminar a perícia no painel até terça. Eles que primeiro farão uma cópia de todo o disco rígido do computador do painel. A partir daí ? com o disco preservado -, começarão a copiar todos os registros feitos, até mesmo as votações e, certamente, a votação cujo resultado não chegou a ser divulgado. Aécio Neves promete que vai tornar pública a lista de votantes e o voto. Entre os deputados de oposição começa a surgir o temor de que a lista seja utilizada politicamente. Por exemplo: se apontar para a vitória do governo ? e tudo indica que realmente o projeto seria aprovado ? e for divulgada na terça-feira à tarde, dará uma grande ajuda ao Palácio do Planalto. Bastaria aos parlamentares a repetição dos votos. E aqueles da base aliada que estavam rebelados poderiam recuar, para não se desgastarem por nada. Os três técnicos da Unicamp que estão fazendo a vistoria no painel da Câmara são José Raimundo de Oliveira, Paulo Lício de Geus e Álvaro Crosta, este último da equipe que vasculhou a descobriu as falhas do painel do Senado. Desta vez, os técnicos da Unicamp exigiram trabalhar sozinhos. Evitam, assim, que se repita na Câmara o que ocorreu no Senado, em que muita gente perambulava nas proximidades do computador central e examinava seus chips. Essa exigência causou problemas com os partidos de oposição. Eles haviam exigido que técnicos próprios pudessem servir de assistentes aos especialistas da Unicamp. O do PDT, Amilcar Brunaro Filho, foi deslocado às pressas de São Paulo para Brasília. Não conseguiu nem participar da reunião dos técnicos da Unicamp e da Câmara com o diretor-geral. Depois, os representantes dos partidos foram impedidos de entrar no local da auditoria. Disseram que vão reclamar da discriminação.

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