Falha em tanque pode ter causado acidente com a P-36

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma falha no tanque de drenagem de resíduos localizado no quarto andar de uma das colunas da P-36 será apontada pela Petrobras como principal causa do acidente que provocou o naufrágio da plataforma e a morte de onze petroleiros, em março, na Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro. O resultado da investigação feita pela comissão que apurou o acidente será anunciado nesta terça-feira. O presidente do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, Fernando Carvalho, que tem um representante na comissão, afirma que, dessa maneira, fica constatado erro de projeto e que a Petrobras "é responsável" e a Marítima, "co-responsável" pelo acidente. "O problema de projeto é algo muito claro. A localização do tanque na coluna é um equívoco", declarou. Segundo ele, a comissão deverá indicar a hipótese de manobra errada ou de que alguma válvula tenha sido fechada incorretamente, para esclarecer se houve uma explosão no interior do tanque - provocada por alguma fagulha - ou se as paredes se romperam por causa do aumento da pressão interna. A localização do tanque prevista no projeto da plataforma é a principal queixa de sindicalistas e especialistas ouvidos pela reportagem. Instalar um tanque que produzirá gás num ambiente confinado é "inadmissível", diz Carvalho. A P-36 era uma plataforma originalmente projetada para perfuração, com uma pequena planta de processamento de óleo. A mudança do projeto, com o equipamento já no meio da obra, tornou necessárias adaptações. A instalação de um tanque de resíduos químicos numa das colunas de sustentação foi, segundo um técnico que trabalhou no projeto da plataforma, a solução encontrada para ganhar espaço na P-36. Em qualquer outra plataforma de produção, o tanque, que acumula gás descartado no sistema, fica no convés da base. A P-36 sofreu uma série de adaptações para extrair petróleo a uma profundidade superior à inicial. Pelo projeto original, a plataforma iria operar numa lâmina d´água de até 500 metros. Com a modificação, tornou-se capaz de retirar petróleo a uma profundidade de 1.360 metros. Quando sofreu as três explosões consecutivas a P-36 estava operando havia apenas 11 meses. Na ocasião, era a mais nova plataforma em atividade em Campos. O destino da plataforma, originalmente previsto para o campo de Marlim Sul, foi modificado quando a Petrobras descobriu uma reserva gigantesca de petróleo no campo de Roncador. Acreditava-se que a aceleração da produção no novo campo facilitaria a obtenção das metas de aumento da produção, bem como a auto-suficiência em petróleo até 2005.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.