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Fachin determina prisão de Joesley Batista e Ricardo Saud, da J&F

Detenções podem ocorrer ainda neste domingo, conforme apurou o 'Estado'

Por Rafael Moraes Moura/ BRASÍLIA
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu atender ao pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e mandou prender os empresários Joesley Batista e Ricardo Saud, do grupo J&F. 

O ministro do Supremo Edson Fachin Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADAO

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Fontes da Polícia Federal informaram à esta reportagem que, em tese, não há nada que impeça que as prisões sejam realizadas neste domingo, 10.

Os pedidos de prisão foram motivados pela descoberta de que os executivos da J&F omitiram informações sobre supostos crimes ao negociar sua delação premiada. 

Casa de Joesley Batista. A rua onde mora o empresário Joesley Batista amanheceu em clima de tranquilidade neste domingo. Não há policiais até o momento na região da casa, que fica no bairro nobre dos Jardins, na capital paulista.

As cortinas da casa estão fechadas e não há, até o momento, a confirmação de que Joesley esteja no imóvel. No entanto, pessoas no bairro relatam terem visto o carro da família circular no sábado, 9, uma indicação de que o empresário estava em casa nos últimos dias.

Interferência. Gravação entregue na semana passada à Justiça pela própria defesa da J&F mostra Saud e Joesley conversando sobre uma suposta interferência de Miller para ajudar nas tratativas de delação premiada, o que seria ilegal.

O ex-procurador ainda fazia parte do Ministério Público quando começou a conversar com os executivos, no final de fevereiro. Ele pediu exoneração da instituição no mesmo mês, mas a deixou de fato apenas em abril.

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Em um dos áudios entregues à Procuradoria-Geral da República (PGR), Joesley disse: “Eu não vou ser preso. O pessoal não vai, diretor não vai. Ninguém aqui vai ser preso. Não tem nenhuma chance.”

Depoimento. Joesley Batista prestou depoimento na última quinta-feira, por cerca de três horas, na sede da Procuradoria-Geral da República, para explicar o conteúdo da gravação.

Na ocasião, disse que não recebeu orientação do ex-procurador Miller para gravar o presidente Michel Temer.

Joesley Batista prestou depoimento à PGR. Foto: Sérgio Lima/AFP

A gravação de uma conversa com Temer, em maio, foi o trunfo que Joesley usou para negociar sua delação com a Procuradoria-Geral da República e obter imunidade - benefício estendido a outros executivos do grupo. O episódio mergulhou o governo Temer em sua maior crise, e motivou uma denúncia de corrupção contra o presidente.

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Saud e Marcelo Miller também tiveram de prestar esclarecimentos sobre a gravação que pode anular os benefícios da delação premiada.

A prisão de Joesley e Saud foi defendida publicamente pelo ministro Luiz Fux, do STF, durante a sessão plenária da última quarta-feira. “Eu verifico que esse episódio revelou que esses partícipes do delito, que figuraram como colaboradores, eles ludibriaram o Ministério Público, eles degradaram a imagem do País no plano internacional, eles atentaram contra a dignidade da Justiça e eles revelaram a arrogância dos criminosos do colarinho-branco”, afirmou Fux.

O ministro acrescentou: “De sorte que eu deixo ao Ministério Público a opção de fazer com que esses participantes desta cadeia criminosa que confessaram diversas corrupções, que eles passassem do exílio nova-iorquino para o exílio da Papuda”, afirmou, fazendo referência ao complexo penitenciário no Distrito Federal.

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Temendo a ordem de prisão, a defesa de Joesley e Saud pediu ao STF para ser ouvida por Fachin, antes da decisão do ministro. O advogado dos executivos, Pierpaolo Cruz Bottini, também colocou os passaportes dos dois à disposição da Justiça.

Julgamento

Na quarta-feira, o STF vai julgar o pedido de suspeição contra o procurador-geral, apresentado pela defesa de Temer, que também pede a suspensão prévia da segunda denúncia que está prestes a ser apresentada contra o peemedebista.

Na mesma ocasião, os ministros deverão discutir, em uma questão de ordem, a validade das provas obtidas no acordo de colaboração da J&F, que passou a ser questionada pela defesa de Temer após a publicação da polêmica.

Procurados, advogado do Joesley e assessoria de imprensa não atenderam às solicitações do Estado. Colaborou Dayanne Sousa

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