Fabricante desiste de máscaras de Cerveró por ameaça de processo

Advogados do ex-diretor da área Internacional da Petrobrás notificaram dona da Condal, que planejava alegoria para o carnaval

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Por Roberta Pennafort
Atualização:

RIO DE JANEIRO - Proprietária da Condal, maior fábrica de máscaras de carnaval do Estado do Rio, Olga Valles disse que foi ameaçada de processo pelos advogados do ex-diretor da Área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró. Ela faria máscaras com o rosto dele, mas desistiu. "Foi uma ligação amigável. Disseram que não queriam a máscara e que iriam nos processar caso fizéssemos. 'Quem avisa amigo é'. Deviam levar na brincadeira, porque nada mais é do que isso", contou Olga, que prepara uma tiragem de 300 máscaras com o rosto da presidente da Petrobrás, Graça Foster. "Ela não reclamou".

A fábrica, em São Gonçalo, abastece lojas de artigos carnavalescos há 56 anos, e desde a abertura política pós-ditadura militar prepara máscaras de políticos - as primeiras foram Tancredo Neves, Jânio Quadros e Ulisses Guimarães. Nunca foi processada. Políticos bem humorados já até reclamaram, mas entraram na brincadeira: "O ex-prefeito Cesar Maia disse que queria ter saído mais sorridente". 

Preso desde 14 de janeiro de 2015, o ex-diretor da Petrobrás foi condenado a 23 anos, 11 meses e 10 diasporcorrupção passiva e lavagem de dinheiro.A Procuradoria diz que, em conluio com o lobista Fernando Baiano (apontado como operador do PMDB), articulou o recebimento de US$ 30 milhões em propinas relativos à contratação de navios-sonda. Ex-diretor da área Internacional da Petrobrás entre 2003 e 2008, ele foi indicado pelo PMDB. Entre 2008 e março de 2014, Cerveró comandou a BR Distribuidora, subsidiária da estatal e participou do processo de compra da refinaria de Pasadena (EUA).Cerveró nega acusações e afirma desconhecer qualquer tipo de irregularidade na Petrobrás. Foto: André Dusek/Estadão

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A fábrica foi fundada pelo marido de Olga, o escultor espanhol Armando Valles, que cursou Belas Artes em Barcelona, sua terra natal, e em Paris. A produção é de 200 mil a 250 mil peças por ano, e as máscaras de políticos e figuras célebres nacionais e internacionais (como artistas e o terrorista Osama Bin Laden) estão longe de ser as campeãs de vendas. O sucesso maior são as de bichos e de clóvis - o King Kong é o maior hit. Ainda assim, a sátira política é uma área de destaque da Condal. "Estamos sempre antenados. Dos políticos, as mais vendidas são as do Lula, que vendemos desde a disputa com o Collor (em 1989) e a da Dilma". A presidente está quase alcançando seu antecessor: já foram vendidas 50 mil de Lula; Dilma se encaminha para bater a marca.

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