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Exército sai e PM entra em Serra Pelada

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Por Agencia Estado
Atualização:

Tropas do Exército lideradas pelo comandante da 23ª Brigada de Infantaria e Selva de Marabá, general Carlos Tabajara da Costa Torino, começaram a deixar nesta quinta-feira o garimpo de Serra Pelada, em Curionópolis, no sul do Pará. Os militares conseguiram restabelecer a ordem pública na área onde grupos rivais ligados à Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp) disputam o direito de explorar cem toneladas de ouro e receber R$ 108 milhões da Caixa Econômica Federal pela venda do paládio (rejeito do ouro) ao governo, em 1985. "A nossa missão foi atuar como força de pacificação, evitando um possível conflito, além de garantir a lei e a ordem no garimpo", afirmou Torino. Além de 600 homens, o Exército retira 46 viaturas, um helicóptero pertencente ao 4º Esquadrão de Aviação, de Manaus, e dois tanques de guerra do tipo Urutu. De acordo com a orientação do secretário de Defesa Social do Pará, Paulo Sette Câmara, os soldados do Exército que ocuparam o garimpo por 36 horas, serão substituídos por cerca de 280 homens da Polícia Militar. A maior parte dos policiais militares é do Comando de Missões Especiais, de Belém. A partir desta-sexta-feira, será implantada a "lei seca", com a proibição da venda de bebidas alcóolicas em Serra Pelada. Durante o curto tempo de permanência no garimpo, o Exército apreendeu armas e desmontou trincheiras construídas por garimpeiros ligados ao ex-agente do antigo Serviço Nacional de Informações (SNI) e atual prefeito de Curionópolis, Sebastião Curió Rodrigues de Moura. Curió atua na região como se fosse o proprietário do garimpo, impedindo a entrada no local de sindicalistas que contestam sua liderança. O general Torino disse que o clima de tranqüilidade em Serra Pelada e o andamento das negociações pela comissão formada na manhã da última terça-feira por representantes de vários organismos, como Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Estado, Ouvidoria Agrária Estadual, garimpeiros e a área de segurança pública, motivaram a decisão do Exército de se retirar do garimpo. Mal as tropas federais começavam a deixar Serra Pelada, porém, o prefeito Curió anunciou seus planos para explorar o garimpo. Segundo ele, já existem entendimentos com a direção da Vale do Rio Doce para a exploração de onze milhões de toneladas de calcário, para ser utilizado na indústria de pelotização de ferro gusa. A parceria com a Vale incluiria a construção de 18 quilômetros de ferrovia passando por Serra Pelada. Sobre a grande quantidade de ouro que ainda existiria na cava grande do garimpo, o prefeito acredita que só de rejeito podem ser retiradas até 30 toneladas, além de mais 300 toneladas do minério nas galerias subterrâneas. Para a exploração mecanizada desse ouro já existiriam diversas empresas interessadas, inclusive do exterior. Curió não admite entregar a exploração ao grupo de seu inimigo, Luiz da Mata. "Lutarei com todas as minhas forças para que isso não ocorra. Se depender de mim, o pessoal dele não entra em Serra Pelada."

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