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Exército ocupa 5 favelas no Rio

Mas ofensiva para garantir campanha não atrai candidatos a comunidades

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Por Alexandre Rodrigues e Felipe Werneck
Atualização:

Cinco favelas do Rio acossadas pelo crime organizado amanheceram ontem sem traficantes e sem milícias nas ruas, mas sem políticos de fora das comunidades. No primeiro dia da Operação Guanabara, realizada pelo Exército e pela Marinha para garantir a campanha eleitoral em comunidades sob supostas ameaças de coação eleitoral, os militares foram os únicos protagonistas. Desfilaram fuzis e metralhadoras por Rio das Pedras, Gardênia Azul e Cidade de Deus, na zona oeste, e Conjunto Esperança e Vila do João, no Complexo da Maré (zona norte), mas só candidatos locais fizeram campanha. O comandante do Exército, Enzo Martins Peri, frisou que a operação não é inócua. Ele admitiu que o ideal seria ter efetivo suficiente para manter tropas em todas as 27 comunidades listadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) até o dia das eleições, mas afirmou que a permanência por três dias em cada uma delas atenderá ao objetivo da Justiça Eleitoral. Manoel de Souza, o Tunico, candidato a vereador pelo PSL, foi à Cidade de Deus, dominada pelo Comando Vermelho, observar a movimentação, mas não fez campanha. Diz que traficantes cobravam dos candidatos, mas aposta que a ação do Exército fará efeito: "Se eles tirarem as placas, a gente denuncia e o Exército volta. A malandragem não vai querer isso." O coronel André Novaes, porta-voz do Comando Militar do Leste, confirmou que o planejamento das tropas para alcançar 27 comunidades da região metropolitana até a eleição pode incluir a volta a alguma delas. Apesar das denúncias, os militares encontraram na Cidade de Deus um cenário de aparente normalidade no que diz respeito à eleição. Diferentemente do caráter de permanência ininterrupta do Exército na zona oeste, a "garantia" da Marinha teve o fim predeterminado: às 18 horas, a ação foi encerrada. Dos moradores que aceitaram falar com a reportagem, a maioria elogiou a presença dos militares. A tranqüilidade com que as Forças Armadas ocuparam comunidades foi resultado da estratégia do TRE do Rio de avisar com antecedência onde seria atuação militar "para que os marginais se afastassem", afirmou ontem o presidente em exercício do órgão, desembargador Alberto Motta Moraes. A Polícia Federal cumpriu ontem 44 mandados de busca e apreensão de provas contra a prefeita de Magé, Núbia Cozzolino, por crime de coação eleitoral. Ela estaria ameaçando servidores com a perda de funções gratificadas e mudanças de lotação, caso não conseguissem eleitores para ela e vereadores de seu grupo. COLABORARAM TALITA FIGUEIREDO E PEDRO DANTAS

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