
27 de agosto de 2015 | 13h46
BRASÍLIA - Em depoimento à CPI da Petrobras, a presidente da empresa de tecnologia SAP Brasil, Cristina Palmaka, negou sobrepreço nos contratos de fornecimento de softwares de gestão com a estatal em 2006 e 2010. Aos deputados, a executiva explicou que os valores negociados foram mais altos devido à expansão internacional da Petrobras, a necessidade da compra de novos produtos e a incorporação de novos usuários.
"A Petrobrás precisou de mais produtos para atender as novas localidades", explicou. Cristina disse que a política da empresa proíbe relação com partidos e doação para campanhas.
Ouvida na condição de testemunha, a executiva explicou que a SAP é uma filial alemã que fornece soluções tecnológicas à estatal há 15 anos. "Fornecemos a vários segmentos que podem eventualmente ser alvo de investigação", afirmou.
A executiva destacou que a empresa procura ter uma relação "transparente e ética" e que cumpre de "forma rígida" o modelo de licitação imposto pelos clientes. "A SAP não pagou nada, as políticas proíbem o pagamento de propina", declarou.
O requerimento de convocação de Cristina foi apresentado pelo deputado João Carlos Bacelar (PR-BA). Na justificativa, o parlamentar alegou que havia um vídeo de outubro de 2010 em circulação no qual o empresário Eike Batista diz que o valor de US$ 1 bilhão inicialmente estimado pela estatal para implementar o sistema SAP para 50.000 ações na empresa já havia saltado para a cifra de US 5 bilhões no últimos cinco anos. A executiva negou a acusação.
Arxo Industrial. Três executivos da Arxo Industrial do Brasil permaneceram em silêncio em seu depoimento nesta manhã à CPI da Petrobrás. Sérgio Maçaneiro, Gilson Pereira e João Gualberto Pereira apresentaram habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que lhes garantiam o direito a ficar calados.
“Por orientação dos advogados irei permanecer em silêncio”, declarou Gilson Pereira, o primeiro a ser ouvido. A mesma frase foi repetida por João Gualberto.
"Senhor deputado, reafirmo neste momento que vou permanecer em silêncio", respondeu o Sérgio Maçaneiro a uma pergunta do deputado Altineu Côrtes (PR-RJ), que classificou o grupo como "quadrilha que assaltou a Petrobrás". "Vocês fizeram parte desse sistema", acusou
A Arxo foi alvo da Operação My Way, uma das fases da Lava Jato. Uma ex-funcionária da área financeira da empresa afirmou ao Ministério Público Federal que constatou saques em espécie de até R$ 7 milhões para pagamentos suspeitos que perduraram na Petrobrás Distribuidora S/A (BR Distribuidora) mesmo depois da descoberta da existência de cartel de empreiteiras e pagamentos de propinas a políticos na estatal petrolífera. A BR Distribuidora é subsidiária da Petrobrás, responsável pela rede de postos de venda de derivados.
A empresa, com sede em Santa Catarina, fornece tanques aéreos e subterrâneos e caminhões tanques para a BR Distribuidora. A ex-gerente financeira disse ter presenciado pagamentos de propina de 5% a 10% e registrou boa parte das movimentações suspeitas. A ex-funcionária apontou Mário Goes como operador da propina.
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