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Exclusão social é alta em quase 50% dos municípios brasileiros

Por Agencia Estado
Atualização:

Mais de 25% dos brasileiros vivem em condições precárias, sem renda, emprego e acesso à educação, e 42% dos 5.500 municípios do País têm alto índice de exclusão social. Desses, 86% ficam no Norte e Nordeste, enquanto as Regiões Sul e Sudeste concentram índices bem mais baixos de exclusão - respectivamente, 3,6% e 10%. Somente 200 cidades apresentam padrão de vida considerado adequado. Essas são as principais conclusões do Atlas da Exclusão Social no Brasil, fruto de uma pesquisa de dois anos coordenada pelo economista Marcio Pochmann - secretário municipal do Trabalho de São Paulo - e pelo pesquisador Ricardo Amorim, com a participação de estudiosos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP) e Pontifícia Universidade Católica (PUC). Embora os números finais sejam semelhantes aos colhidos na pesquisa do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), usado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para medir a qualidade de vida nas cidades, outros quatro indicadores, a partir do Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram levados em consideração. Ampliação - Enquanto a ONU adota, basicamente, os indicadores de educação, longevidade e renda, o Atlas da Exclusão Social ampliou o conceito de qualidade de vida ao incluir dados sobre violência, número de jovens, índice de emprego formal, desigualdade social e concentração de renda. O estudo será apresentado, em forma de livro da Cortez Editora, amanhã, no 3º Fórum Social Mundial. Nas livrarias, será vendido a R$ 29. Com a ampliação de indicadores, de acordo com Amorim, foi possível oferecer um retrato mais completo do Brasil. A proposta é dar subsídios ao governo para auxiliar no planejamento de políticas de combate à desigualdade. "O Brasil tem ilhas de inclusão cercadas por um mar de exclusão", disse Pochmann nesta quarta-feira ao apresentar o atlas. A exemplo do IDH, municípios paulistas como São Caetano do Sul, Águas de São Pedro e Santos, além de Florianópolis e Nitéroi, apresentam os índices mais altos de qualidade de vida. Jordão, Itamarati e Guajará, situadas no Amazonas, Belágua (MA) e Alto Alegre (RR), os mais baixos. As regiões metropolitanas de São Paulo, Rio, Vitória, Recife e Brasília, as cidades litorâneas e situadas nas fronteiras são as regiões mais violentas do Brasil. Os índices de criminalidade - medidos em homicídios por 100 mil - não estão ligados, necessariamente, à pobreza, mas à desigualdade. Os Estados do Maranhão, Piauí, Acre, Amazonas e Roraima têm o maior número de cidades excluídas socialmente. São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul se destacam no pólo oposto. Os dados que mais surpreenderam os pesquisadores foram as grandes diferenças regionais no País e a concentração da violência em alguns municípios. "Concluímos que no caso das cidades grandes e litorâneas, o índice de homicídios está relacionado ao crime organizado e à desigualdade", disse Pochmann.

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