Exame confirma ossada de espanhol preso na ditadura

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Por AE
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Exame de DNA confirmou suspeitas da Procuradoria da República em São Paulo: ossada exumada em Perus no dia 1º de abril é de Miguel Sabat Nuet, único caso conhecido de cidadão espanhol morto sob a custódia do regime militar brasileiro (1964-1985). Nuet foi capturado pela repressão em 9 de outubro de 1973 e apareceu morto um mês depois na cela que ocupava, nos porões do Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Era um vendedor de veículos. Morava na Venezuela. Não tinha ligação com nenhuma organização de esquerda, mas os agentes da polícia política lançaram em seu prontuário a letra T, em vermelho, classificando-o como terrorista. Nuet morreu aos 50 anos e sua família afirma que ele jamais participou da luta armada no Brasil. Na época, a polícia informou que o espanhol havia se suicidado. Perus é um capítulo sinistro dos anos de chumbo. Oficialmente Cemitério Dom Bosco, aberto em 1971, fica no extremo norte da cidade, perto da divisa com a cidade de Caieiras. Em vala clandestina de Perus, os militares depositaram corpos de militantes que morreram no Dops e no Departamento de Operações Internas (DOI-Codi), vinculado ao antigo II Exército. Em 1990, dia 4 de setembro, foram descobertos os mortos da vala - 1.049 ossadas de indigentes, vítimas de esquadrões da morte e presos políticos. A ossada de Nuet estava no terreno 485, quadra 7. O primeiro passo da investigação partiu da procuradora da República Eugênia Augusta Gonzaga Fávero. Ela enviou ofício ao Instituto Médico Legal (IML) e à Diretoria de Cemitérios do Município de São Paulo pedindo a exumação e a identificação dos restos mortais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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