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Ex-vereador acusa colegas de corrupção em Londrina-PR

Por Evandro Fadel
Atualização:

O ex-vereador Orlando Bonilha (PR), de Londrina, no norte do Paraná, que teve o mandato cassado por unanimidade no domingo pela Câmara de Vereadores e que já tinha decreto de prisão, sob acusação de participar de esquemas de corrupção, apresentou-se ontem à polícia e, em depoimento, acusou praticamente todos os vereadores da cidade de receberem propina para aprovar projetos. Apenas cinco dos 18 membros do Legislativo foram poupados. Hoje, ele prestou um segundo depoimento ao Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público. Na noite de ontem, antes de ser levado para o Centro de Detenção e Ressocialização de Londrina, ele falou que os fatos dos quais é acusado "não aconteciam só com o dedo desse vereador". Segundo ele, havia um grupo que "fazia essa articulação". "Mas o grande negociador chama-se Sidney de Souza (PTB)", acentuou. Souza é o atual presidente da Câmara de Vereadores. "São projetos que chegaram à Câmara e tiveram relacionamento com dinheiro", destacou. Ele próprio confessou que também participava do esquema. "Não estou me eximindo de nada", acentuou. Bonilha afirmou que tinha conhecimento de pagamento de propina para aprovação de alguns projetos desde que foi eleito pela primeira vez, em 1997. Segundo ele, os interessados é que o procuravam. "Nunca fui em empresa nenhuma exigir propina desse ou daquele empresário, mas já fomos procurados muitas vezes em nossos gabinetes ou fomos abordados por algumas pessoas para resolver questões pessoais de alguns empresários, que são verdadeiros canalhas", afirmou. Segundo ele, o dinheiro recebido em propinas quase ultrapassava o que recebia como vereador. Ele está em uma cela individual por questão de segurança. "Eu quero pagar pelo meu erro. Se tenho feito alguma coisa errada eu quero pagar. Mesmo que tiver que enfrentar qualquer processo estou disposto a pagar esse preço, só que não poderia estar assumindo sozinho, porque nada ali na Câmara acontece sozinho", salientou. O promotor Cláudio Esteves adiantou que, no depoimento, Bonilha apresentou fatos já conhecidos, mas trouxe coisas novas. "Vamos avaliar com muito cuidado e muito rigor, como temos feito até agora", afirmou. O ex-vereador não apresentou documentos, dizendo que tudo era feito pessoalmente. Processos O presidente da Câmara, Sidney Souza (PTB), alegou que os ataques de Bonilha são resultado de "ira e vingança muito grande". Segundo ele, o ex-vereador acreditava que Souza pudesse "trabalhar" nos bastidores para livrá-lo da cassação. Mas a cassação aconteceu por unanimidade. "Ele ataca o presidente da Câmara com o propósito de desmoralizar a instituição", destacou. Souza afirmou que ele e os outros vereadores que foram citados por Bonilha já preparam ações individuais por calúnia, injúria e difamação. O líder do governo na Câmara, Gláudio de Lima (PT), que está entre os acusados, disse que preferia não comentar as acusações propriamente ditas porque Bonilha "está em uma situação complicada". Mas ressaltou que está recolhendo toda a documentação possível para ser entregue ao Ministério Público e ficará à disposição para qualquer investigação que se fizer necessária. "Nunca fiz nada de ilegal", afirmou.

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