Ex-réus por corrupção de menor disputam eleição

Passados cinco anos de prisão, quatro ex-vereadores de Porto Ferreira disputam Câmara

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Por Brás Henrique e RIBEIRÃO PRETO
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Mais de cinco anos após suas prisões, acusados e condenados por corrupção de meninas, e outros crimes, em festas com orgias em ranchos, e com penas cumpridas, quatro de seis ex-vereadores de Porto Ferreira, na região de Ribeirão Preto, novamente são candidatos à Câmara. Um deles ainda é vereador. Mesmo preso, Luís César Lanzoni (PTB) foi o terceiro mais votado em 2004, com 846 votos. Ele saiu da prisão em novembro de 2006 e assumiu sua vaga em 14 de março de 2007. Lanzoni e os colegas juram inocência, dizem que foram vítimas de armações políticas e aguardam a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o caso. Só uma pessoa envolvida no episódio continua presa. "Fui o último a sair da prisão, três anos e três meses depois, e fomos vítimas de uma conspiração política e extorsiva", comenta Lanzoni. Ele foi condenado pela Justiça local a 45 anos de prisão por corrupção de menores, favorecimento à prostituição e formação de quadrilha. O Tribunal de Justiça de São Paulo reduziu a pena de todos e com as regras remissivas (cumprimento de parte da condenação e bom comportamento) todos foram libertados. Luiz Gonzaga Mantovani Borceda (PTN) garante que o escândalo de 2003 não atrapalha sua campanha. "Aquele processo foi uma vergonha", afirma. Laércio Storti (PSC), assim como Lanzoni e Borceda, apóia o ex-deputado estadual Dorival Braga (PSDB) para o cargo de prefeito. Já o servidor público municipal João Lázaro Batista (DEM), devido às composições partidárias, tem como candidato ao Executivo o atual prefeito, Maurício Sponton Rasi (PT), justamente o delegado que prendeu e investigou os acusados em 2003. Storti e Batista não foram localizados pela reportagem para comentar o caso. Assessores de Rasi informaram que o prefeito que tenta a reeleição não fala sobre o episódio passado. Em 2003, o filho de Dorival, André Braga (PSDB), era o prefeito e tinha os vereadores presos no escândalo em sua base aliada na Câmara. Em 2004, André foi cassado por crime eleitoral cometido em 2000. Edivaldo Biffi queria ser candidato, mas teve problemas de inscrição e resistência familiar e está fora da disputa. Gerson João Pellegrini, que ficou um mês preso, nem se candidatou. Outros três homens foram julgados e condenados a penas menores. Apenas dois foram absolvidos e um comerciante está foragido até hoje. A maior pena, porém, foi do garçom Valter de Oliveira Mafra, que era suplente de vereador. Ele era o agenciador das meninas. Sua pena foi de 67 anos de prisão, reduzida pela metade por colaborar com a Justiça. A previsão era de que sairia em 2007, mas Mafra permanece como o único do caso ainda preso. Seu irmão, Valberto Oliveira Mafra (PTN), é candidato a vereador. "Porto Ferreira está ciente de que aquilo já passou", comentou Valberto, acreditando que o envolvimento de seu irmão não atrapalhará seus planos políticos. O caso de aliciamento de meninas tornou-se público após a denúncia que chegou ao Ministério Público Estadual e à Polícia Civil. Das vítimas, três delas são sobrinhas do varredor de rua Márcio Mauri de Oliveira (PC do B), o Biela, que levou o caso às autoridades e agora tenta uma vaga de vereador.

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