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Ex-prefeito em MT diz que recebeu R$ 7 mil de Vedoin

Valdizete Nogueira confirmou a ligação de Abel Pereira com os sanguessugas

Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Federal indiciou o ex-prefeito de Jaciara, a 142,7 quilômetros de Cuiabá, Valdizete Nogueira (PPS), nesta quarta-feira, por ter intermediado relações entre o empresário Abel Pereira, homem ligado ao ex-ministro da Saúde Barjas Negri (PSDB), e a família Vedoin, apontada como chefe da máfia das ambulâncias - esquema operado por meio da apresentação de emendas parlamentares ao Orçamento da União e destinadas à venda superfaturada de ambulâncias. Nogueira foi acusado de formação de quadrilha e corrupção passiva. Ele admitiu ter recebido R$ 7 mil de Darci Vedoin. Segundo Nogueira, que foi assessor da Secretaria de Educação em 2005, Nogueira o depósito recebido seria referente ao pagamento da venda de veículos por empresas do grupo Vedoin, entre elas, a Klass. O ex-prefeito diz que conhecia apenas a Planam. Nogueira disse ter apresentado Darci Vedoin a Abel Pereira e intermediado a venda de parte de uma fazenda pertencente a Abel, localizada em Jaciara, recebendo inclusive R$ 80 mil pela corretagem. "Busquei empresários para vender a fazenda", disse. Nogueira confirmou que, acompanhado pelo empresário, teve uma audiência com o então ministro Barjas Negri para viabilizar recursos destinados à ampliação de um hospital. "Eu tinha um projeto de ampliação do hospital. Quando Serra (José Serra, PSDB) deixou o ministério, eu comentei com Abel sobre as novas dificuldades e ele falou que conhecia Barjas e, por isso, daria um jeito de agendar uma audiência. Fui chamado ao ministério duas semanas depois de o Abel fazer o contato", declarou Nogueira, que administrou Jaciara no período de 2001 a 2004. O projeto para ampliação do hospital seria viabilizado por uma emenda de bancada de Mato Grosso proposta pelo ex-senador tucano Antero Paes de Barros. O ex-prefeito assegurou que os Vedoin não participaram do projeto do hospital. Contudo, uma empresa do próprio Abel Pereira, a Cicat, venceu a licitação no valor de R$ 406 mil. Segundo Nogueira, a Cicat abandonou o projeto em 2004 porque não obteve reajuste no valor acertado nos anos anteriores. Na versão dos Vedoin, Abel recebia propina de 6,5% por verba liberada e conseguiu a liberação de R$ 3 milhões a R$ 3,5 milhões no ministério durante a gestão de Barjas Negri, atual prefeito de Piracicaba (SP). Cerca de 50 municípios teriam sido beneficiados pela atuação de Abel Pereira junto ao ministro. Em dezembro, o ex-prefeito já tinha sido indiciado pelos crimes de fraude em licitação, sobrepreço e corrupção sob a acusação de ter direcionado o resultado de licitações que favoreceram empresas comandadas pelos Vedoin e, conseqüentemente, ter se beneficiado da máfia das ambulâncias. "Somos vítimas dessa máfia", reclamou o ex-prefeito. Se o Ministério Público oferecer denúncia, Nogueira, sem foro privilegiado, deve responder o processo na justiça comum. O advogado Eduardo Mahon informou que vai impetrar um habeas corpus na tentativa de trancar uma das investigações, pois há "uma ilegalidade insuperável", já que ele foi indiciado em dois inquéritos "pelos mesmos fatos". Inquérito Responsável pelas investigações, o delegado Diógenes Curado Filho vai pedir à Justiça Federal a prorrogação do prazo do inquérito que apura a participação de Abel Pereira no esquema dos sanguessugas. O Ministério da Saúde ainda não encaminhou a agenda de Negri à polícia. A agenda descreve audiências e viagens do ex-ministro entre fevereiro e dezembro de 2002. A PF também não recebeu a relação de pagamentos por ambulâncias feitos na gestão do tucano. A Junta Comercial de Minas Gerais não forneceu informações sobre as empresas Datamicro Informática, de Governador Valadares, e Império Representações Turísticas, de Ipatinga. Abel Pereira teria pedido aos Vedoin que depositassem dinheiro de propina na conta das empresas localizadas em Minas. Entre outras pessoas, Curado Filho deve tomar o depoimento, por carta precatória, de Mario Martignago - titular de uma das contas indicadas por Abel para depósito. Martignago está em Santa Catarina, segundo a polícia. Este texto foi ampliado às 16h54.

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