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Ex-ministra traz grupo de aliados e cobra renovação

Ingressaram também no PV ex-diretor do Greenpeace e ex-deputado Luciano Zica, que deixou PT com senadora

Por Roldão Arruda
Atualização:

A filiação da senadora Marina Silva ao PV não foi um ato isolado. Ontem também ingressou no partido um grupo de ambientalistas e militantes políticos que atuavam ao seu lado no Ministério do Meio Ambiente ou apoiavam suas propostas políticas. Entre eles estava o ex-deputado Luciano Zica (SP), que deixou o PT junto com a senadora, e o ambientalista Roberto Kishinami, ex-diretor executivo do Greenpeace no Brasil. Essa filiação em grupo não foi apenas simbólica. Ela indica a abertura para novas filiações de petistas e ambientalistas e, sobretudo, a disposição de Marina de garantir desde o início uma presença forte no PV. Nos próximos dias, o programa do partido passará por um processo de discussão e reformulação, a pedido de Marina. A equipe encarregada de realizar esse trabalho é formada por 21 pessoas. Metade foi indicada pela direção do PV e metade pela senadora. A 21ª cadeira caberá ao presidente do partido José Luiz Penna. Entre os indicados por Marina se encontram Zica e Kishinami. Também aparecem na lista João Paulo Capobianco, que foi secretário executivo do Meio Ambiente quando ela chefiava a pasta. A principal tarefa na revisão do programa será adequar as propostas de sustentabilidade ambiental às descobertas científicas ocorridas desde a redação do primeiro programa, quase 20 anos atrás. Mas não só. Já se sabe que, na nova proposta, que deve ser votada e aprovada no início do ano que vem, também será dada mais ênfase a questões éticas. Ao contrário de Heloísa Helena (PSOL-AL), que se desfiliou do PT para fundar outro partido, Marina não põe a questão ética no centro dos discursos. Afinal, ela é conhecida mundialmente por sua política de defesa do meio ambiente. Mas o assunto está presente em todos os seus pronunciamentos e dos companheiros mais próximos. ATAQUE O ataque mais forte ao governo petista, no encontro, foi feito justamente por questões éticas - o que pode ser anúncio do tom de campanha. Ele coube ao deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), também ex-petista. "Hoje temos no País um governo moralmente frouxo", afirmou. E continuou: "Temos um Congresso apodrecido e um Supremo Tribunal Federal em princípio de decomposição, com a decisão tomada nesta semana." Referia-se à decisão do STF de arquivar a última das denúncias criminais contra o ex-ministro e deputado Antonio Palocci (PT-SP). Integrante do governo Lula, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, presente na mesa de honra, ao lado do deputado, evitou rebater a crítica. Disse que, embora ele e Gabeira façam parte do mesmo partido, têm opiniões diferentes sobre política. Ferreira também pôs em segundo plano as divergências da senadora com o governo. "Ela não é de oposição", afirmou. "Disse em seu discurso que vai mudar de casa, mas não vai mudar de rua." Ferreira defendeu ainda a ideia de reformulação do programa do PV, com críticas à atual estrutura. "Com a Marina, o PV vai passar por uma refundação programática e isso me deixa alegre", afirmou. "É preciso haver mais democracia no partido e que a base seja mais ouvida." A chegada de Marina ao PV expõe alguns problemas internos graves, como falta de fidelidade de muitos de seus políticos às causas partidárias. Ontem, enquanto Penna reclamava das cobranças da imprensa a respeito, afirmando que são excessivas, Marina dizia que elas devem ser feitas. E sempre.

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