Ex-governador do ES denunciado por peculato, lavagem de dinheiro, formação de bando

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Ministério Público Federal denunciou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) o ex-governador do Espírito Santo José Ignácio Ferreira por supostos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e formação de bando. O motivo é um desvio de quase R$ 20 milhões da Cooperativa de Crédito e Mútuo de Servidores da Escola Técnica de Servidores da Escola Técnica Federal do Estado do Espírito Santo (Cooptefes). Também são acusados a mulher de Ignácio, Maria Helena Ruy Ferreira; seu cunhado, Gentil Antônio Ruy; e Raimundo Benedito de Sousa Filho, o Bené. Nenhum deles foi encontrado para comentar as acusações. De acordo com a denúncia do subprocurador-geral da República, José Roberto Santoro, Bené, acusado de ser ex-coordenador e tesoureiro informal da campanha de Ignácio para o governo, abriu contas na Cooptefes, números 571.1 e 784.6. Até 2002, quando a entidade quebrou, durante o mandato de Ignácio, as duas contas receberam empréstimos que somavam R$ 19.739.750,10, em valores atualizados. Entre as supostas irregularidades estão o fato de Bené não ser cooperado, não podendo, por isso, abrir contas na cooperativa, e a falta de capacidade financeira da instituição para conceder empréstimos daquele vulto. O dinheiro, segundo Santoro, era público, oriundo de uma negociação fraudulenta para aquisição de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de aproximadamente R$ 5 milhões, e de transferência de verbas da Secretaria da Educação e do Departamento de Estradas de Rodagem para a conta do Tesouro no Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes). O objetivo da transferência era aplicar o dinheiro a juros de 7,5% anuais. Houve também operações menores ? uma delas com a Cooperativa de Crédito e Mútuo dos Empregados em Empresas Privadas de Telecomunicações (Creditel). ?Em suma, o que se expôs acima é a formação e a existência, no período que abrange a conclusão da campanha eleitoral vitoriosa do primeiro denunciado até os estertores de seu governo, de um ?caixa 2? operado em favor do primeiro denunciado, à época governador do Estado do Espírito Santo, mediante o aporte de recursos públicos para uma conta particular, tentando, assim, ver descaracterizada a origem pública das verbas, caixa este que foi disponibilizado para ser usado, como se demonstrará, para satisfazer operações financeiras pessoais (...)?, diz o subprocurador-geral na denúncia. Santoro afirma ainda que, montado o caixa 2, Ignácio nomeou a mulher secretária do Trabalho e Bem-Estar Social, e Gentil Ruy, secretário de Governo. Maria Helena, diz o subprocurador, ?sabia das necessidades materiais e políticas do casal?, e o cunhado participava do esquema.

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