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Ex-funcionário confessa que foi laranja do PT

Por Agencia Estado
Atualização:

Um ex-funcionário do Clube de Seguros da Cidadania, entidade ligada ao PT, afirmou hoje à CPI da Segurança Pública que o recibo de sua doação para a compra de uma sede do partido, em 1998, foi forjada pelos dirigentes do clube. "Nenhum valor saiu do meu bolso. Concordei que colocassem meu nome porque era um funcionário", declarou Sílvio Gonçalves Dubal, sobrinho do diretor de seguros do Clube da Cidadania, Daniel Verçosa Gonçalves. A testemunha também disse que foi ameaçada por dois homens desconhecidos para que não comparecesse à comissão. O depoimento foi considerado pelos oposicionistas a peça do quebra-cabeça que faltava para provar que as listas de doadores foram fraudadas para encobrir a recepção de dinheiro da contravenção ou de origem sigilosa. "É mais uma testemunha de que o clube funcionava de fachada para esquentar doações que o partido não podia receber", afirmou o relator da comissão, deputado Vieira da Cunha (PDT). "Se a origem do dinheiro fosse lícita, não estaríamos diante de um laranjal como esse." De acordo com a lista de doadores que o clube apresentou para provar a origem dos R$ 310 mil utilizados na compra da atual sede do PT, Sílvio a Gonçalves teria contribuído com R$ 500 em 30 de outubro de 1998. No mesmo dia, outras sete contribuições num total de R$ 15 mil teriam sido recolhidas, inclusive dos diretores da entidade e do filho do governador Olívio Dutra, Espártaco Dutra, que ontem confirmou sua doação de R$ 500 - uma contradição com o depoimento de Sílvio, na opinião do relator da CPI. Conforme o ex-funcionário do clube e sócio da Cidadania Corretora, o pedido para que ele assinasse o recibo falso de doação foi feito pela secretária do presidente da entidade, Diógenes de Oliveira, o mesmo que sugeriu que a polícia gaúcha não reprimisse o jogo do bicho. "Na época, a dona Janice comentou que havia outras pessoas que fizeram a mesma coisa", disse Sílvio Gonçalves. Os líderes governistas reagiram às revelações tentando questionar a credibilidade da testemunha. "Este senhor está movendo uma ação trabalhista contra Daniel Verçosa Gonçalves e não poderia estar prestando depoimento sob juramento, no máximo como informante", disse o deputado Ronaldo Zülke (PT). A deputada Jussara Cony (PC do B) colocou sob suspeita a informação de que a testemunha teria sido ameaçada uma semana antes em Capão da Canoa. "O senhor deveria ter registrado queixa na polícia." A tia da testemunha, que acompanhava o depoimento, chegou a afirmar que Sílvio estava dopado e havia tomado vários medicamentos antes de sair de casa para a Assembléia Legislativa. Sílvio Gonçalves se apresentou espontaneamente para depor, e o teor de sua denúncia já era conhecido previamente por alguns deputados, o que para os petistas configuraria uma "armação". De acordo com o relator Vieira da Cunha, as investigações da CPI deixam em "situação comprometedora" os diretores do Clube da Cidadania que gerenciavam diariamente a entidade: Diógenes, Daniel Verçosa e Ana Ruth Fonseca Lima. Os três deverão ser enquadrados por estelionato e falso testemunho no relatório final, e Diógenes por tráfico de influência também, devido ao "carteiraço" que admite ter dado no ex-chefe de Polícia Luiz Fernando Tubino para que não reprimisse bicheiros.

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