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Ex-dirigente de empreiteira é alvo de blitz da PF

Procurador do caso Satiagraha mira Roberto Amaral, que trabalhou na Andrade Gutierrez

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Foto do author Fausto Macedo
Por Fausto Macedo e Roberto Almeida
Atualização:

A Operação Satiagraha voltou à cena na manhã de ontem: agentes da Polícia Federal, munidos de ordem judicial, realizaram batidas em quatro endereços em São Paulo, atrás de novos indícios contra empresários e executivos supostamente envolvidos com o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, em esquema de lavagem de dinheiro e remessa ilegal de recursos para o exterior (evasão de divisas). "As buscas foram necessárias para coletar elementos importantes para a investigação", declarou o procurador Rodrigo de Grandis, acusador da Satiagraha. "Existem indícios de que essas pessoas (alvos das buscas) possam ter contribuído para lavagem de dinheiro." Rodrigo de Grandis destacou ainda que há suspeitas de que os investigados tenham participado de operações para evasão de divisas. Roberto Amaral, empresário que integrou durante décadas a cúpula da Construtora Andrade Gutierrez, é um dos alvos da nova fase da Satiagraha. Os federais apreenderam na residência de Amaral o HD de seu computador pessoal e documentos. A PF também foi à casa do consultor e empresário Homero Amaral, filho de Roberto, e do gerente de uma instituição financeira suíça - este, suspeito de montar a engenharia financeira para remessas ilegais de valores. As buscas foram efetuadas por determinação do juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, que condenou Dantas a 10 anos de prisão por corrupção ativa. É a segunda investida da Satiagraha em dezembro. No dia 4, a PF vasculhou outros quatro endereços. O juiz De Sanctis acolheu manifestação do procurador Rodrigo de Grandis. O advogado criminalista José Luís de Oliveira Lima, defensor de Roberto Amaral, acompanhou as buscas na casa de seu cliente. "Houve apreensão, mas não há um único documento que possa comprometê-lo em qualquer ato ilícito", destacou Oliveira Lima. "Roberto Amaral nada deve à Justiça e está à disposição para prestar qualquer esclarecimento." O criminalista afirmou que o empresário "não tem nenhuma relação com operações de compra de debêntures (títulos com patrimônio da empresa como garantia)". O nome de Amaral é ponto-chave de um diagrama elaborado pelo delegado Ricardo Saadi, a partir de manuscritos apreendidos pela PF, com data-base de maio de 2005. Trata-se da descrição de um esquema envolvendo a Santos Brasil S.A., empresa gestora do porto de Santos, que tem entre os principais acionistas o Opportunity de Dantas. Segundo o relatório, o Opportunity teria despistado a fiscalização brasileira por meio de operações intermediadas por Amaral. Assim, ele aplicaria dinheiro remetido ilegalmente ao exterior em empresas do próprio grupo, em triangulação característica de lavagem de dinheiro. A PF não tem confirmação da operação, mas aguarda documentos solicitados ao Banco Central para embasar o que acredita ser indícios de irregularidades. De acordo com a Santos Brasil, foram emitidos debêntures uma única vez, em 1998. Seus executivos negam que tenha havido qualquer irregularidade. Washington Kato, diretor econômico-financeiro da empresa, vê como "impossível" a operação descrita pela PF, já que todas as movimentações estão descritas em relatórios à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O Opportunity corrobora as afirmações da Santos Brasil e afirma que a operação nunca existiu.

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