PUBLICIDADE

Ex-diretor e parentes movimentaram em contas R$ 89 mi

Quebras de sigilo remetidas à CPI mista da Petrobrás mostram depósitos milionários para ex-diretor da estatal e familiares; ele recebeu R$ 36,9 milhões

Foto do author Andreza Matais
Por Fabio Fabrini e Andreza Matais
Atualização:

Atualizado em 10.09

PUBLICIDADE

Brasília - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, acusado de comandar esquema de corrupção na estatal, recebeu nos últimos dez anos R$ 36,9 milhões em contas de cinco bancos, abertas em seu nome. O genro de Costa, Humberto Sampaio, recebeu R$ 42 milhões em suas contas pessoais. Segundo a Polícia Federal, ele é dono do Grupo Pragmática, alimentado com recursos de fornecedores da estatal.

Já as duas filhas do ex-diretor, Arianna e Shanni Azevedo, obtiveram, respectivamente, R$ 5,7 milhões e R$ 4,4 milhões.

Os dados constam das quebras de sigilo remetidas à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Petrobrás, que investiga o caso. Os depósitos tiveram início após Costa assumir a diretoria de Abastecimento da estatal, em 2004.

 

O ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa Foto: Dida Sampaio/Estadão

Numa conta do Unibanco, Costa recebeu, em dezembro do ano passado, R$ 2,1 milhões de uma de suas empresas, a Costa Global Consultoria. Ela seria alimentada com recursos de empreiteiras, em troca de supostas facilidades na estatal.

Mais R$ 1 milhão foi transferido, em fevereiro do mesmo ano, a uma conta do Santander por Marcelo Barboza Daniel. Segundo a Polícia Federal, ele é sócio da Pragmática.

Constam ainda vários repasses da estatal, entre eles um no valor de R$ 220 mil, na conta do Santander, em dezembro de 2011. Consultada, a companhia não informou qual foi o motivo da transferência.

Publicidade

Por meio de suas contas, Costa fez ainda diversos repasses, os maiores para contas em seu nome e de familiares, a exemplo da mulher, Marici Costa.

A oposição tenta marcar novo depoimento do ex-diretor na CPI mista. A intenção é que Costa, se convocado, possa dar mais detalhes do esquema delatado por ele, que teria beneficiado políticos e partidos da base aliada. O ex-diretor da Petrobrás colabora com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, em troca de redução de pena. A delação terá de ser ratificada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, que é relator de processos sobre a operação Lava Jato na Corte.

CGU. O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, enviou ontem ofício ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedindo acesso aos depoimentos que Costa prestou sob regime de delação premiada.

Em nota, a CGU diz que “o teor das declarações, a se confirmar o que vem sendo divulgado pela imprensa, poderá auxiliar nas investigações em andamento pela CGU, nas suas frentes de atuação relativas à Petrobrás”. O órgão já tinha obtido autorização judicial para o compartilhamento de informações da Lava Jato.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.