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Ex-deputado estadual suspeito de vender emendas em SP repele acusação

Zé Bruno negou ter recebido dinheiro para intermediar a liberação de verba e lançou suspeita sobre um ex-assessor

Foto do author Fausto Macedo
Por Fausto Macedo e SÃO PAULO
Atualização:

O ex-deputado José Antônio Bruno nega a acusação, mas lança suspeitas sobre um ex-assessor, a quem ele se refere apenas como Cremonesi e que está citado no depoimento de C.A.A.V à Corregedoria do Estado. “Eu descobri que esse Cremonesi estava fazendo isso, vendendo emendas, descobri isso de uma maneira muito doida foi por isso que eu o exonerei”, disse ontem. “Mas eu prefiro dizer que o exonerei pelo fato de ter desconfiança de que fazia e negociava emendas e isso ia acabar comigo. Na época ele brigou comigo.”

 

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Zé Bruno, que exerceu apenas um mandato, diz que demitiu Cremonesi do cargo de assessor parlamentar porque não queria ver seu nome envolvido em denúncias. “Não queria saber de bagunça na minha vida, sou honesto.”

 

Ele suspeita que é alvo de vingança de pessoas ligadas à Igreja Renascer, da qual fez parte durante 17 anos e chegou ao topo, como líder interino da seita. Ele se desligou da Renascer em 2010 e agora integra outra igreja, a Casa da Rocha. “Eu conheço os meandros dos ratos com quem convivi. Essa história é muito maior do que você imagina. Tem alguém querendo denegrir meu nome.”

 

Sobre os maços de notas de R$ 100, ele reage categoricamente. “Brincadeira! Isso não aconteceu. Não faço isso. Agora eu pergunto: se alguém recebe propina vai deixar testemunha?, a porta entreaberta? Não sou bandido. Se fosse eu não seria burro.”

 

O ex-deputado diz que não mantém mais contato com Fabrício. “Um dia me alertaram que esse Fabrício não era um cara boa gente. Mandaram eu tomar cuidado. O Fabrício trouxe no gabinete uma relação de emendas. Ele disse: ‘olha, tal cidade tem que reformar a Santa Casa, tal cidade quer construir isso, veja no que pode ajudar.’ Ele dizia que era amigo de outros deputados.”

 

“O Fabrício foi várias vezes no meu gabinete, sempre com os prefeitos. O meu gabinete era muito povoado, tinha até escala para o pessoal. Você sabe, no gabinete não cabe todo mundo, por isso dividia em turnos. Eu queria gente trabalhando.”

 

Zé Bruno diz que “imaginou que ele (Fabrício) era o cara que fazia o lobby com o Cremonesi”. “De repente os dois tinham algum esquema. Eu era o cara perfeito para fazer isso porque eu era chucro, não sabia de nada de política, sem nenhuma experiência em fazer emenda.” Afirma que suas emendas contemplavam pequenos municípios. “Teve muita emenda que até perdi. Fiz emenda de R$ 70mil, R$ 100 mil. Nenhuma delas foi de R$ 500 mil. 99% eram coisas pequeninhas.”

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“Foi assim de monte, 20, 30 emendas que eu mandava. Mas nem todas eram pagas. Não era uma coisa que fazia diretamente, quem atendia era a minha chefia de gabinete. Em alguns casos o Cremonesi atendia, por sugestão do Fabrício. Ele pedia para eu destinar o valor. Teve muitos que eu fiz. Indicações a gente pode fazer quantas quiser.”Seu patrimônio, diz, são uma perua Santa Fé 2008 e um Siena 2002. “Sou a mesma pessoa desde que nasci, não enriqueci, não moro em palácio.” 

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