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Ex-chefe de órgão de repressão na ditadura, coronel Carlos Alberto Ustra morre em Brasília

Militar chefiou nos anos 70 o DOI-Codi do 2.º Exército, em São Paulo, e nunca admitiu responsabilidade por casos de tortura

Foto do author Fausto Macedo
Por Fausto Macedo e Tania Monteiro
Atualização:

BRASÍLIA - O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, de 83 anos, morreu na madrugada desta quinta-feira, em Brasília. Ele estava internado no Hospital Santa Helena em tratamento de quimioterapia contra um câncer e estava com baixa imunidade. A família ainda não decidiu onde Ustra será velado e enterrado. O Exército deve soltar nota ainda nesta quinta-feira comunicando a morte.

O coronel reformado do Exercito Carlos Alberto Brilhante Ustra presta depoimento sobre crimes durante o regime militar, na Comissão Nacional da Verdade, em Brasilia, em 10 de maio de 2013 Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Entre 1970 e 1974, Ustra foi chefe do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), de São Paulo, órgão utilizado para reprimir manifestações políticas contrárias à ditadura militar. Na época, ficou conhecido como Dr. Tibiriçá - os codinomes eram usados como forma de evitar a identificação dos agentes de Estado envolvidos na repressão.

Ustra sempre negou responsabilidade pelos casos de tortura denunciados pelos opositores do regime militar. A última aparição pública do coronel foi em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, em 10 de maio de 2013, ocasião na qual defendeu sua atuação na ditadura militar como forma de "luta pela democracia" e afirmou: "Nunca fui assassino". No mesmo depoimento, o coronel da reserva ainda vinculou a presidente Dilma Rousseff, que atuou em grupos de guerrilha armada contra a ditadura e foi presa e torturada pela repressão, a "atos de terrorismo". Ustra foi um dos 377 nomes listados pela Comissão da Verdade como responsáveis por violações de direitos humanos cometidas pela ditadura militar. 

Segundo o advogado Paulo Esteves, que representava Ustra em ações movidas pelo Ministério Público Federal e por vítimas da repressão que tentavam responsabilizar o militar por crimes cometidos durante a ditadura, o coronel "estava muito mal há mais de 30 dias, internado em Brasília”. Para o advogado, com a morte de Ustra torna-se extinta sua punibilidade nesses processos.

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