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Ex-agente do SNI diz ter ouvido grampo

Em novo depoimento, Ambrósio muda versão apresentada em setembro

Por Ana Paula Scinocca e BRASÍLIA
Atualização:

O agente aposentado do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) Francisco Ambrósio admitiu ter ouvido duas gravações realizadas pela Polícia Federal na Operação Satiagraha, ao depor na CPI dos Grampos, na Câmara. A versão apresentada ontem foi diferente da dada por Ambrósio em setembro passado, quando ele também falou à comissão. Na ocasião, negou ter tido acesso aos grampos e assegurou que sua função nas investigações se restringia a rastrear e-mails para o delegado Protógenes Queiroz. Ao falar sobre os grampos, Ambrósio ressalvou que as interceptações telefônicas foram ouvidas "por acidente", num "descuido" da equipe de Protógenes que, segundo ele, deixou vazar o áudio das duas conversas. Uma das gravações ouvidas pelo araponga se referia à conversa entre o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh e o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho. "Eu posso afirmar, e o perito também, é que ele inadvertidamente esqueceu o canal aberto. Não foi passado o áudio total, foi parte do áudio", afirmou. Ambrósio disse que o canal de áudio ficou aberto "por pouco tempo" e que tomou conhecimento de que o chefe de gabinete de Lula era um dos interlocutores por meio de um dos peritos da PF. "Quando ouvimos, depois ficamos sabendo de um dos peritos quem estava no áudio", afirmou ele. O agente repassou o nome do perito à CPI ontem, sigilosamente. Questionado pelos deputados da CPI sobre o motivo de ter omitido ter ouvido as gravações na primeira vez que compareceu ao Congresso, Ambrósio negou contradição, amparado pela justificativa que seu acesso às conversas foi "acidental". Segundo o araponga, todas as interceptações telefônicas realizadas pela PF durante a Operação Satiagraha foram legais, com autorização judicial. "Em nenhum momento foi falado em interceptação clandestina. Foram todas autorizadas pela Justiça." O agente aposentado reafirmou à CPI que o seu trabalho na Satiagraha limitou-se à triagem de e-mails para Protógenes e à análise de um HD da Operação Chacal, realizada anteriormente pela PF. Ambrósio prestou depoimento protegido por um habeas corpus. Com isso, não foi obrigado a responder a nenhuma pergunta que pudesse produzir provas contra ele. No depoimento anterior, também contou com a proteção, concedida pelo Supremo Tribunal Federal.

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