Evento sobre corrupção causa saia justa entre PT e PSB

Mulher de Delúbio Soares e vice-presidente do PSB, Beto Albuquerque participaram de uma mesma mesa de debates sobre o tema no Rio

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Por Constança Rezende
Atualização:

Rio - Um evento sobre corrupção e transparência promovido nesta quinta-feira, 5, no Rio pela Coordenação Socialista Latino-Americana (CSL) acabou em saia justa entre dirigentes do PT e PSB. Após a secretária de Relações Internacionais do PT, Mônica Valente, dizer que há uma tentativa de criminalizar o partido e de impedir a presidente Dilma Rousseff de governar, o vice-presidente nacional do PSB, Beto Albuquerque, afirmou que "há uma regra simples de combater a corrupção: não nomeando corruptos para dirigir empresas públicas e ministérios". Beto Albuquerque foi o candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada no ano passado pela ex-senadora Marina Silva. Mônica Valente é mulher de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT condenado no processo do mensalão a oito anos e 11 meses de prisão, em sentença de 2012. Os dois estavam na mesa principal do evento, realizado em hotel em Copacabana, na zona sul.

No  encontro, Mônica criticou os rumos das investigações da Lava Jato. "A partir das investigações da Operação Lava Jato, bandidos confessos vinculados a diversos partidos, inclusive da oposição, que agiam impunemente há décadas, hoje negociam depoimentos em troca de benefícios e não apresentam provas do que dizem", afirmou. Em entrevista ao Estado após o evento, Albuquerque disse que Mônica fez um discurso de louvação ao PT, que não age como um partido de esquerda. Ele culpou o PT pelo conservadorismo no Congresso Nacional. "A pauta conservadora do Congresso tem uma boa dose de culpa do governo do PT, que se enfraqueceu e esqueceu de fazer as coisas", disse. Para o dirigente do PSB, "o PT está pagando um preço muito alto pelas mentiras de 2014". "Ele fez tudo ao contrário do que falou e pagou por ter se envolvido com gente não confiável, que já mostrou na história da república os malfeitos e por permitir que (o senador Fernando) Collor de Mello (PTB) tivesse dois diretores da Petrobrás. Quando se dá chance para o azar, ele pega. E pegou", afirmou. Albuquerque avisou que o PSB terá candidato nas próximas eleições presidenciais e não descartou seu nome. "Se couber a mim essa tarefa, não tenho nenhum problema em assumir e iniciar do zero a caminhada do PSB, para não ficar refém dessa velha polarização PSDB e PT", disse. Mônica procurou defender seu partido das declarações do representante do PSB no evento. "As empresas investigadas que fizeram contribuições ao PT - todas elas registradas, conforme a lei - doaram recursos semelhantes e até maiores ao PSDB e aos seus candidatos. Fizeram obras e assinaram contratos com governos estaduais tucanos. Os mesmos criminosos que tentaram incriminar o PT apontaram o dedo para o PSDB, mas, para os cabeças da operação, isso não vem ao caso. O alvo é o PT, apenas o PT", disse ela, para quem, "numa terceira frente, nossos adversários valem-se de um conluio entre a mídia e setores partidarizados do Ministério Público para tentar atingir o ex-presidente Lula". Segundo a dirigente petista, "Lula tornou-se alvo de uma farsa extrajudicial, que visa a apontá-lo falsamente como suspeito de crimes que jamais foram praticados" e, "numa odiosa inversão de valores, Lula está sendo perseguido por ter trabalhado - como nenhum outro presidente - para ampliar a presença do Brasil e das empresas brasileiras ao redor do mundo".