PUBLICIDADE

EUA pedem renúncia de Bustani; China e Rússia o apóiam

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O futuro do embaixador brasileiro José Maurício Bustani como diretor-geral da Organização para a Proscrição de Armas Químicas (Opaq) ganhou novas dimensões nesta terça-feira. Em uma reunião em Haia, na Holanda, o governo norte-americano apresentou formalmente um pedido para que o Brasil renuncie ao cargo. Mas mesmo diante da pressão da Casa Branca, potências como a China e a Rússia fizeram intervenções fortes, indicando seu apoio a Bustani. Washington esclereceu em um discurso que a Casa Branca havia "perdido a confiança" na administração do brasileiro à frente da Opaq e que, portanto, solicitava que Bustani deixasse o cargo, mesmo faltando três anos para o final de seu mandato. Os reais motivos para que a Casa Branca esteja pedindo a cabeça de Bustani, porém, são seus planos de ataque contra o Iraque e a ousadia do brasileiro de ter pedido que as fábricas químicas dos Estados Unidos fossem alvo de inspeções. A União Européia, que era uma das esperanças de apoio ao brasileiro, mostrou sua fragilidade diante dos Estados Unidos e também pediu a saída de Bustani, "pelo bem da Opaq". A surpresa, porém, veio das outras potências nucleares, como China e Rússia, que criticaram a iniciativa de Washington. Moscou declarou seu apoio a Bustani e afirmou que a forma que os Estados Unidos escolheram para lidar com o tema "não é apropriada". Já Pequim pede que seja estabelecido um diálogo para solucionar as diferenças. O Brasil também se levantou para criticar a posição norte-americana, alertando que até hoje ninguém deixou claro os motivos para que Bustani deixasse o cargo. Um dos comentários em Haia é de que o brasileiro não teria tido um bom desempenho da administração financeira da Opaq, mas a Índia saiu em defesa de Bustani, alertando que se a organização sofre problemas, a culpa não é de seu diretor, mas dos membros da entidade. Para que Bustani deixe o cargo, os 145 países membros da organização terão que promover uma votação sobre o tema. Para isso, porém, os Estados Unidos terão que convencer os demais países do Comitê Executivo, que se reúne até a próxima sexta-feira, a pedir a reunião de todos os membros da Opaq. "Ainda não está claro que Washington conseguirá que a votação ocorra", afirma Gordan Vachon, porta-voz de Bustani.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.