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EUA e Europa mostram 'duas faces', diz Amorim

Ministro critica ausência de etanol em proposta de isenção a 'bens ambientais'.

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Por Denize Bacoccina
Atualização:

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que a proposta de isenção tarifária a uma lista de "bens ambientais" apresentada pelos Estados Unidos e pela Europa revela as "duas faces" dos países ricos nas discussões sobre aquecimento global ambiente e comércio. A proposta foi anunciada na sexta-feira pela secretária de Comércio Susan Schwab (EUA) como "uma oportunidade sem precedentes de atacar o problema do aquecimento global de uma maneira concreta e significativa". "Mais uma vez (os países ricos) mostram as duas faces", afirmou Amorim nesta quarta-feira em Brasília. "Uma face de bom moço - uma face de quem está promovendo as causas benéficas para o mundo - e uma face que em geral fica escondida, que é a face protecionista, a face que quer obter mais lucro com a venda de seus produtos, mas não abre o seu mercado para aqueles produtos que beneficiam os países em desenvolvimento." A lista de 43 produtos chamados de bens ambientais inclui peças para painéis solares e equipamentos para a geração de energia eólica, mas deixa de fora os biocombustíveis e outros produtos dos países em desenvolvimento. Ela deve ser apresentada no fórum de mudanças climáticas de Bali, na Indonésia, que está em andamento com reuniões técnicas e no fim de semana deve contar com uma reunião de ministros de Comércio Exterior e Meio Ambiente. Estados Unidos e União Européia disseram que a lista só inclui produtos industrializados, e que o etanol estaria incluído numa outra lista, de produtos agrícolas. A proposta americana e européia tem duas etapas. A primeira é a eliminação de tarifas para reduzir o custo desses produtos. A segunda etapa, segundo a secretária, seria "um compromisso maior por parte do mundo desenvolvido e das economias mais avançadas para eliminar barreiras ao comércio de uma lista mais ampla de tecnologias e serviços bons para o meio ambiente". "É a primeira vez que se faz um acordo mundial na OMC para redução de tarifas de uma lista específica de produtos com tecnologia amigável ao meio ambiente recentemente identificada pelo Banco Mundial", disse Schwab. Na terça-feira, o embaixador Roberto Azevedo, subsecretário de Assuntos Econômicos do Itamaraty, classificou a proposta que exclui o etanol da lista de bens ambientais de uma medida protecionista comercial e não de defesa do meio ambiente. O etanol brasileiro, feito de cana-de-açúcar, tem custo de produção menor do que o etanol dos Estados Unidos, de milho, mas o produto brasileiro tem que pagar uma sobretaxa de US$ 0,54 por galão (R$ 0,26 por litro) para ser exportado para os Estados Unidos, acabando com a vantagem de preço. O mercado dos produtos incluídos na proposta americana e européia foi de US$ 613 bilhões no ano passado, com um crescimento anual médio de 15%. Atualmente, alguns desses produtos têm impostos de até 70%. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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