Estudo mapeia ''código genético'' do eleitorado

Cientista político cruza mapas e debate o voto distrital

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Por Redação
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Depois de viajar pelo País durante dez anos, pesquisando pequenas e grandes cidades e cruzando dados eleitorais, o cientista político Carlos Novaes realiza nesta terça-feira um velho sonho: lançar um site na internet com o que ele chama de "uma pequena revolução" na análise eleitoral, que pode ser de grande ajuda para governos, institutos, candidatos, partidos e eleitores. Seu projeto Geovoto, que começou a tomar forma quando ele era ainda pesquisador do Centro Brasileiro de Planejamento (Cebrap), nos anos 90, traz um inédito conjunto de mapas, cidade por cidade, distrito por distrito, dos resultados integrais das eleições desde 1998. A partir deles, Novaes criou simulações de todo tipo, combinando distritos eleitorais com quantidades de eleitores, para que os políticos e mesmo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) estudem fórmulas de um futuro sistema de voto distrital. "Não sei de nada parecido, dentro ou fora do Brasil", diz ele. O que o levou a tudo isso foi a convicção de que "o voto, no Brasil, é muito mais estável do que se pensa" e de que os candidatos podem ter muito a ganhar - aplicando melhor seus recursos e esforços durante uma campanha - se souberem como se comportaram os eleitores de sua região, em votações passadas. "Não falo do eleitor genericamente, mas de cada bairro, rua, colégio de votação, dos adversários, em seguidas eleições", diz ele. "Já casamos mapas geográficos com dados digitais nos maiores Estados, numa área que reúne 70% do eleitorado. Os números de São Paulo já incluem votações de 1988. Em breve o quadro nacional estará completo". Essa integração de informações - que poderá ser buscada no endereço www.geovoto.com.br - "é um presente que ofereço ao TSE e aos TREs", avisa Novaes. "Dependi deles para ter os números e espero que meu trabalho lhes seja útil em seus estudos e análises". VOTO DISTRITAL A "cereja do bolo" do Geovoto é um didático exercício, quase um jogo, sobre voto distrital - para o caso de um dia os políticos decidirem de fato implantá-lo no País. Ele apresenta quatro hipóteses - de voto distrital puro ou misto nacional, e de voto distrital puro ou misto federativo. Elas tratam, logicamente, das votações proporcionais - para vereador, deputado estadual e federal. No voto distrital puro nacional, por exemplo, ele divide o número de eleitores do País pelas 513 vagas da Câmara e monta, com números reais, 513 microrregiões de tamanho eleitoral semelhante. De cada uma, pela regra, sai um eleito. "Pouquíssima gente tem idéia de como construir os distritos em todo o País. Nem dos imensos interesses, do perde-ganha que estará em jogo", diz ele. E adverte: "Alguém tem de lançar esse debate, que vem sendo muito mal conduzido." A ferramenta é aberta, podendo ser usada para um candidato "simular situações e inventar distritos" e, portanto, saber os modelos de distritos que não lhe interessam. "Assim, a discussão sobre o voto distrital terá de fato começado".

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