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Estudante africano diz que foi vítima de racismo na UnB

Gaudêncio Pedro da Costa prestou depoimento na PF sobre incêndio em alojamento de estudantes africanos na universidade, mas não quis citar nomes

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Por Agencia Estado
Atualização:

O estudante africano Gaudêncio Pedro da Costa afirmou nesta sexta-feira, 30, que foi vítima de racismo na Universidade de Brasília (UnB). Costa prestou depoimento na Polícia Federal sobre o incêndio que destruiu parte dos três apartamentos ocupados por estudantes africanos na Casa dos Estudantes, onde ele mora. "Acho que eles não gostam de africanos. Eles falam que a gente faz muito barulho", afirmou o estudante, referindo-se às cinco pessoas que acusa de terem provocado o incêndio. Costa não quis citar nomes, mas disse que todos os suspeitos de provocar o incêndio moram no alojamento. Segundo ele, os estudantes já haviam sido ameaçados, e os três apartamentos que eles ocupam, pichados com cruzes nas portas e a frase "Morte aos playboys africanos". "Como sou negro, estão me tratando assim. Cruz já significa sinal de morte", afirmou Costa. Costa é uma das oito pessoas que a PF deve ouvir nesta sexta-feira sobre o incêndio. Na última quinta-feira, a polícia instaurou inquérito para investigar o caso. No final desta tarde, um balanço sobre o início das investigações deve ser divulgado. O estudante de engenharia florestal Wagner Guimarães, que também depõe nesta sexta-feira na PF, disse que é um dos acusados pelos africanos, mas considera isso uma injustiça. Ele informou que, no fim da tarde, vai esclarecer à imprensa "o que está realmente acontecendo na Casa dos Estudantes". Segurança reforçada O diretor de Serviços Gerais e Segurança da Universidade de Brasília (UnB), Weglisson Medeiros Ferreira, disse que a segurança no prédio da Casa dos Estudantes foi reforçada com um guarda em cada andar, além da portaria. Segundo Medeiros os atritos entre os estudantes brasileiros e africanos já aconteciam há pelo menos seis meses, inclusive com episódios de luta corporal. Medeiros disse que no dia 28, quando chegou ao local do incêndio, o fogo já havia sido apagado. "Chegamos para dar apoio aos estudantes". Representantes do Congresso Nacional, da Polícia Federal e da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) do governo federal se reuniram na última quinta-feira com o reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Milholland, para discutir o incêndio na Casa dos Estudantes. O dia 28 de março foi instituído como o Dia da Igualdade Racial na UnB.

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