PUBLICIDADE

'Estou firmíssimo' no Ministério, diz Minc

PUBLICIDADE

Por LEONENCIO NOSSA E LEONARDO GOY
Atualização:

Depois de duas semanas de ataques a cinco colegas de governo, de trocas de ofensas com ruralistas e críticas ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, avaliou na tarde de hoje que continuará no cargo. "Estou firme, firmíssimo, tremei poluidores", afirmou, após audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). O ministro causou mal-estar no governo ao chamar, na semana passada, os ruralistas de "vigaristas" e dizer que estava impedido "eticamente" e "moralmente" de dar licença ambiental para as obras de pavimentação da BR-319, no Amazonas, previstas no PAC. Na entrevista de hoje, Minc relatou que, numa conversa na terça-feira, o presidente apenas teria pedido que as "contradições" fossem discutidas no âmbito interno do governo. "Eu concordei com ele", contou o ministro. "O presidente disse que é mais adequado que algumas contradições, aquelas que não têm consenso, sejam arbitradas por ele", completou.O relato de Minc sobre a conversa com o presidente foi feito, porém, num novo ato de críticas ao grupo que sofreu ataques do ministro no governo. Para desconforto dos ministros Reinhold Stephanes (Agricultura), Dilma Rousseff (Casa Civil), Edison Lobão (Minas e Energia) e Alfredo Nascimento (Transportes), atores de telenovelas estiveram no CCBB para entregar um manifesto contra a destruição da Amazônia. A presença de Christiane Torloni e Vitor Fasano no CCBB virou um ato pela permanência de Minc no cargo. "A democracia não vai aguentar mais um golpe da democracia", afirmou Christiane. "Não vai ser bom para o Brasil perder um segundo ministro do Meio Ambiente", disse, referindo-se à demissão de Marina Silva no ano passado. "Esse debate deve chegar ao fim. É preciso organizar a casa para termos ordem e progresso."A atriz elevou o tom nas críticas e chegou a fazer referências ao escândalo do assessor petista que foi preso com dólares na cueca em 2005. "Esta casa está sendo observada", disse. "Temos de saber quem é a favor da preservação da Amazônia e quem é a favor de colocar o dinheiro na cueca", afirmou, para desconforto da líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), presente à audiência.Diante dos holofotes e da presença dos atores, a líder não saiu em defesa dos ministros atacados por Minc. Ela chegou a reconhecer que "o debate está crítico". Depois, explicou que fazia uma referência ao debate que ocorre em "toda" a sociedade. Na saia justa, Ideli só esboçou um sorriso após a entrevista, quando Christiane combinou com ela um novo manifesto, desta vez contra a destruição na Mata Atlântica."Vamos começar por Minas", disse a atriz, baixinho, na saída, já entrando no carro. No Estado governado pelo tucano Aécio Neves, foi registrado um elevado índice de destruição da cobertura nativa.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.