´Estamos aniquilados´, diz tucano sobre popularidade de Lula

Pesquisas divulgadas esta semana deram a Lula cerca de 50% de aprovação. Por conta disso e da maioria do governo no Congresso, oposição deu sinais de desânimo

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Por Agencia Estado
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Na semana em que duas pesquisas de opinião mostraram o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com cerca de 50% de aprovação, o PSDB, principal partido da oposição, deu sinais de desânimo no Congresso. "Estamos aniquilados", desabafou o deputado José Aníbal (PSDB-SP). Mesmo em processo de obstrução às deliberações na Câmara há quase um mês, o PSDB e seus parceiros do DEM (ex-PFL) e PPS não conseguiram derrotar o governo em nenhuma votação este ano. Enquanto isso, Lula vai consolidando uma coalizão de 11 partidos, que corresponde a 70% da Câmara. Num jantar com as principais lideranças do PMDB no país, na noite passada, o presidente sacramentou uma ampla e inédita aliança com o maior partido da base. "A Câmara se transformou numa extensão do Executivo. Aqui se vota o que o governo quer", afirmou o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP). Na última terça-feira, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou sondagem realizada pelo instituto Sensus mostrando que Lula tem aprovação de 63,7% dos entrevistados e o governo, 49, 58%. Os resultados surpreenderam porque a crise no setor aéreo que se estende desde o ano passado não abalou a figura do presidente. Nesta quinta-feira, levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com o Ibope mostrou que Lula, apesar de ter caído oito pontos porcentuais em relação a dezembro de 2006, mantém aprovação de 49% dos entrevistados. Em janeiro de 1999, logo após ser reeleito, o então presidente Fernando Henrique Cardoso obteve somente 32% de avaliação positiva, afetado por uma grave crise cambial. Desconforto "As pesquisas refletem uma realidade que não podemos alterar neste momento. O PSDB terá de dialogar com setores da sociedade, manter sua coerência e aguardar que esta situação se modifique com o tempo", argumentou Madeira. Ex-líderes durante o governo Fernando Henrique, Madeira e Aníbal reconhecem que o ex-presidente também montou maioria esmagadora no Congresso, mas acusam o governo Lula de utilizar sua força para travar mudanças. "Nós utilizamos nossa maioria para promover reformas. Esse governo tem força mas não tem agenda", disse José Aníbal. Os tucanos estão desconfortáveis também com o processo de obstrução comandado pelo DEM, para exigir a instalação da CPI do setor aéreo. O PSDB é autor do requerimento da CPI, que depende de decisão judicial para ser criada, mas os deputados avaliam que a imagem do partido está sendo associada, de forma negativa, ao atraso nas votações. A pesquisa da CNT indicou que a repercussão negativa sobre os transtornos nos aeroportos não atinge Lula na intensidade que a oposição calculava. Segundo a sondagem, 82% dos entrevistados tomaram conhecimento da crise. Desse total, 25,8% responsabilizaram o governo federal pela crise. Os controladores de vôo apareceram em segundo lugar no "ranking" de responsabilidade, apontados por 15,1%, seguidos das companhia aéreas, com 10,9%; da Aeronáutica, com 9,9%, e da Infraero, com 9,3%. "Dá até desânimo de fazer oposição", disse o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), uma das novas lideranças do partido.

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