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Estadao.com.br dá mapa detalhado de votos das legendas

Ferramenta usa critérios como tamanho da cidade e porcentagem de atendidos pelo Bolsa-Família

Por Guilherme Scarance
Atualização:

Quanto maior a porcentagem de habitantes atendidos pelo Bolsa-Família, menina dos olhos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, melhor foi o resultado dos partidos aliados nas urnas em outubro. O PT, por exemplo, aumentou o total de prefeitos eleitos em 87%, em relação às eleições passadas, quando se analisa apenas a faixa de municípios em que a maioria da população recebe o benefício federal. Infográfico cruza dados e mostra poder dos partidos Entrevista com José Álvaro Moisés, professor da USP Essa é uma das muitas leituras feitas a partir da ferramenta "O poder dos partidos", que o portal www.estadao.com.br lança hoje. Ela permite análises detalhadas, com informações inéditas. Montada com bancos de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), permite analisar isoladamente ou cruzar dados de todos os partidos do País. Nas cidades entre 60% e 100% da população atendida pelo Bolsa-Família, por exemplo, o PMDB saltou de 179 para 215 prefeitos eleitos - crescimento de 20% em comparação com 2004, quando o projeto apenas começava. O PTB subiu de 86 para 131 (52% de aumento) e o PT, de 41 para 77 (87% a mais). O PSDB caiu de 161 para 131 vitórias (19% a menos) e o DEM, de 250 para 86 - queda de 66%. "Há a indução de que o desempenho mais positivo do PMDB, PTB e PT nessas cidades está ligado à possibilidade de que esses partidos tenham feito a mediação da distribuição das bolsas", analisa o cientista político e professor titular da USP José Álvaro Moisés, que analisou os dados em primeira mão. COMO USAR Para usar a ferramenta, é preciso escolher um critério - população, eleitores, PIB, Bolsa-Família, Orçamento, urbanização, esgoto, educação, renda ou ocupação. O passo seguinte é ajustar a margem da pesquisa: se opção for "Bolsa-Família", por exemplo, escolhe-se a porcentagem de habitantes atendidos. Por fim, é preciso selecionar um ou mais partidos. A ferramenta gera, então, um gráfico apontando o desempenho de cada sigla, por esse critério, nesta e nas últimas três eleições. O site também permite ouvir uma entrevista com Moisés, na qual o cientista político detalha os dados mais relevantes obtidos com a ferramenta. Quem acessar o serviço poderá descobrir, por exemplo, que o PMDB vai administrar, a partir do ano que vem, um total de R$ 48,8 bilhões de receita corrente. O PT herdará R$ 32,6 bilhões e o PSDB, R$ 29,2 bilhões. É possível constatar, ainda, que o partido do presidente Lula supera os tucanos nas cidades com menor PIB per capita, situação que se inverte nos municípios mais ricos. Para Moisés, se algum dirigente partidário analisar os dados, "terá um roteiro de como o partido deveria concentrar seus esforços daqui para a frente". GRANDE VITORIOSO Além de conquistar o maior número de prefeituras (1.203), o PMDB aparece como o grande vitorioso, em quase todos os critérios e faixas. No quesito urbanização, por exemplo, obteve o melhor desempenho em todas as faixas. "Era esperável que o PSDB e o PT tivessem desempenho semelhante, o que não aconteceu", comenta Moisés. O professor da USP destaca outro dado que lhe chamou a atenção, agora no quesito população. "Na faixa de 490 mil habitantes em diante, o PSDB, o PMDB e o PTB foram mais bem-sucedidos que o PT", diz, frisando que esse não era o resultado previsto antes das eleições. "Os partidos de oposição têm estabilidade maior nas cidades médias e o PSDB cresce a partir de 490 mil habitantes", diz ele. "Já o PT, PMDB e outros partidos da base têm estabilidade nas cidades menores."

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