26 de junho de 2021 | 23h30
Quinze meses de pandemia, mais de 500 mil mortos, desemprego que não desce, inflação que sobe, um governo sem planos e uma crescente polarização – política e, portanto, eleitoral – que prenuncia, para 2022, tempos preocupantes para a democracia.
É com esse pano de fundo, no qual o chamado centro democrático ainda não conseguiu se firmar e nem definir um projeto nacional para as próximas eleições, que o Centro de Liderança Pública (CLP) e o Estadão organizaram e começam a apresentar, na quinta-feira (1º), o programa Primárias. O debate, que começa às 18h30, será transmitido no site do Estadão e nas redes sociais do jornal.
Centro enxerga ‘derretimento’ de Bolsonaro
Em sua primeira edição, ele reúne três presidenciáveis dessa área para discutir, entre outros temas, os desafios da pandemia de covid-19 e os caminhos para a retomada da economia. São eles o ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes (PDT), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e o ex-ministro da Saúde e ex-deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM). Em comum, os três assinaram, em março passado, o “Manifesto pela Consciência Democrática”, que reuniu várias lideranças políticas em torno da defesa da democracia.
O formato do debate é inspirado na “superterça”, um dos eventos mais importantes nas prévias para a eleição presidencial nos Estados Unidos. O Primárias ocorrerá no Teatro D, em São Paulo, sem plateia e com medidas sanitárias como distanciamento, uso de máscaras e medição de temperatura.
Ao todo, o evento terá 1h30 de debate dividido em quatro blocos, nos quais os participantes responderão a perguntas de jornalistas e farão perguntas entre si. A mediação será feita pelo cientista político Luiz Felipe d’Avila, presidente do CLP.
“O momento em que vivemos exige pensar o Brasil sem extremismos com pessoas que tenham o compromisso com a democracia e com reformas cruciais para o País”, disse d’Avila. “O evento vem para contribuir com o debate e mostrar que temos boas opções políticas para pensar soluções para o Brasil.”
Os participantes ressaltaram a importância de promover um espaço para debate de ideias e soluções para o País. Com a pandemia e a retomada econômica como tema principal do debate, eles sugerem que o assunto é central para a discussão de todas as áreas de governo.
“Lutar para eleger um projeto que devolva ao Brasil a capacidade de crescer, se desenvolver e diminuir as desigualdades, é vital para que possamos reconstruir o nosso país”, disse ao Estadão o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes.
“O diálogo fraterno entre essas forças realmente dispostas a se somar para apresentar ao povo um projeto novo ao Brasil, é que pode garantir que não sigamos o rastro de destruição que iniciou no governo lulopetista e se aprofundou com Jair Bolsonaro.”
Outro dos debatedores, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, acredita que a pandemia seja um marco histórico que vai determinar o desenvolvimento do mundo inteiro no século 21, como foram as grandes guerras e quedas de impérios no passado. “Essa troca de impressões tem o eleitor como maior beneficiado, pois o cidadão começa a fazer também a sua análise das possibilidades e caminhos, e isso reforça bastante o conceito de democracia e de diálogo – que deveria ser o normal”, diz o ex-ministro. “O tema é o próprio século 21 e os desafios que ele colocou através da pandemia e como reestruturar o País.”
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, por sua vez, rechaçou a ideia de que as alternativas para a disputa de 2022 estão entre o presidente Jair Bolsonaro e o PT. Leite acrescentou ainda que o evento é um oportunidade para debater os mais diversos assuntos. “Não podemos nos contentar com o governo que está aí apenas para não voltarmos para um governo do PT. E também não podemos nos conformar em voltar a um governo no PT porque o governo que está aí é ruim”.
O governador gaúcho entende que discutir “é fundamental para mapear os principais problemas e localizar pontos de convergência, em torno dos quais as forças políticas possam alavancar uma candidatura capaz de unir o Brasil e superar um longo período de radicalismos, à direita e à esquerda.”
O CLP, criado pelo próprio d’Avila em 2008, tem como um de seus temas centrais – uma espécie de agenda mínima – a retomada do crescimento do País e a redução do impacto da atual crise nos Estados e municípios. Como uma das ferramentas para esse trabalho ele criou, entre outros, o Ranking de Competitividade dos Estados e o Ranking Municipal.
Outro de seus focos é a boa gestão do setor público, para que melhore a qualidade dos serviços à população.
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