Está tudo errado, diz mãe de vítima do Palace 2

Por Agencia Estado
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Os ex-moradores do edifício Palace 2 receberam com certa perplexidade a notícia da absolvição, em primeira instância, do deputado federal cassado Sérgio Naya. Uma das mais abaladas era a médica Bárbara Alencar Leão Martins, que perdeu a filha Luísa, de 12 anos, na tragédia. "Parece que tudo está acontecendo de novo, injustiça é uma coisa que dói muito", disse Bárbara, chorando. Luísa passava o Carnaval na casa do pai, Milton Lins Martins. Ele, a mulher Rosângela Quaresma e o filho do casal, ainda bebê, Milton Lins Martins Filho, também morreram. "Essa sentença demonstra que nesse País bandido é herói, traficante é cidadão e a vítima é culpado. Está tudo errado", afirmou. "Eu não esperava grande coisa, nenhuma grande condenação, mas a esse ponto é demais. Vou recorrer, nem que seja ao inferno", disse a médica. Mas a sentença do juiz da 33.ª Vara Criminal, Heraldo Saturnino de Oliveira, não causou grande surpresa aos ex-moradores. Em 24 de agosto de 2000, eles fizeram publicar uma nota cifrada no jornal carioca "O Povo". "Agradecemos ao Santo Heraldo, da 33, a graça de ver voando livre o Sérgio Bravata". Eles teriam recebido de antemão a informação de que o juiz absolveria Sérgio Naya. Associação Nos meios jurídicos, Oliveira é conhecido como homem sério, que pertence à chamada escola liberal do Direito. Ele aplica a lei sem se deixar levar pela opinião pública. "Graças a Deus juiz não ocupa cadeira cativa. É um cargo provisório. E eu ainda tenho esperança na Justiça porque, afinal de contas, sou advogada", disse a presidente da Associação de Vítimas do Palace 2, Rauliete Barbosa Guedes. Hoje à tarde, quando foi divulgada a sentença, Rauliete não havia conseguido reunir os ex-moradores. Eles marcaram uma reunião para amanhã e planejam manifestação contra a decisão judicial. "Em um momento em que o País se moraliza, o Senado se moraliza, o Judiciário prega a impunidade", disse Rauliete.

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