'Está na hora de fechar o Congresso', diz Fortes

PUBLICIDADE

Por Eugênia Lopes
Atualização:

O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) usou de ironia hoje para responder às denúncias de irregularidades que tomam conta do Senado desde a eleição de José Sarney (PMDB-AP) para comandar a Casa. "Está na hora de fechar o Congresso", afirmou. "Estou me sentindo igual a um barqueiro de canoa de pobre: toda hora tenho de tapar um buraco", disse Fortes, o segundo homem na hierarquia do Senado, que ocupa o cargo de primeiro secretário. As declarações foram dadas depois do parlamentar ter dado explicações a respeito de passagens áreas financiadas pela Casa e supostamente usadas pela senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) para trazer assessores do Maranhão e sobre as denúncias de nepotismo na contratação por firmas terceirizadas de parentes de três diretores."Há uma campanha orquestrada contra o Senado. Isso não é justo", afirmou Fortes. Ele e aliados de Sarney estão convencidos de que há uma espécie de "terceiro turno" das eleições para o comando da Casa. Desde que assumiu o posto, no início de fevereiro, ao derrotar o petista Tião Viana (AC), Sarney passou a maior parte do tempo respondendo a denúncias de irregularidades, como o uso de seguranças para vigiar propriedades de sua família no Maranhão, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo, e o pagamento de horas extras a servidores durante o recesso de janeiro.A mais nova rodada de denúncias diz respeito ao uso de passagens aéreas pela senadora Roseana Sarney, filha do José Sarney, para trazer assessores do Maranhão para Brasília. As versões sobre o episódio hoje foram desencontradas. Primeiro, a assessoria da senadora afirmou que seis assessores vieram com passagens pagas pelo Senado. Eles ficaram em Brasília entre os dias 6 e 8 de março e, quatro deles, dormiram na residência oficial da presidência do Senado. Sarney não mora na residência oficial. Depois, a assessoria confirmou a vinda de seis pessoas, mas disse não saber quantas delas tiveram a passagem paga pela Casa. Mais cedo, a jornalistas, a senadora Roseana havia dito que pagou a passagem de dois assessores. A denúncia de que teria trazido assessores do Maranhão com passagens pagas pelo Senado foi publicada hoje no portal de notícias Congresso em Foco.NepotismoFortes também determinou hoje a abertura de sindicância pela Corregedoria da Casa para verificar a existência de nepotismo. Firmas terceirizadas que prestam serviço ao Senado contratam parentes de funcionários. Foram detectados três casos de diretores do Senado que têm parentes contratados nas empresas que prestam serviço à Casa. Ainda hoje, o parlamentar assinou ato instituindo o ponto para que os servidores da Casa tenham direito a ganhar hora extra.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.