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Esquema montado por Cabral movimentava cerca de R$ 1 milhão por mês, diz ex-assessor

Luiz Carlos Bezerra afirma a juiz no Rio que recebia R$ 30 mil mensais para circular R$ 37 milhões desviados de corrupção

Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

RIO - O esquema de corrupção que envolvia o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral chegou a movimentar cerca de R$ 1 milhão mensais, segundo estimativa de Luiz Carlos Bezerra, ex-assessor de Cabral, que prestou depoimento nesta quinta-feira, 4, ao juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal, no Rio de Janeiro.

Luiz Carlos Bezerra, ex-assessor do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, é preso em novembro de 2016 Foto: Reginaldo Pimenta/Raw Imagens

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Bezerra foi preso preventivamente no âmbito da Operação Calicute por suposta participação em esquema de corrupção durante a gestão do peemedebista. No depoimento desta quinta, ele reconheceu que fazia o transporte de valores da rede montada por Cabral desde 2010, na campanha pela reeleição. A partir de 2011, a movimentação de recursos já não tinha relação com a campanha, mas com o esquema ilícito de pagamentos em espécie.

As anotações que Bezerra fazia sobre a entrada e saída de recursos mostram que ele chegou a movimentar mais de R$ 37 milhões desde 2011. Ele estima que, mensalmente, o volume em circulação chegava a R$ 1 milhão. Para fazer parte do esquema, o ex-assessor de Cabral recebia R$ 30 mil mensais.

“Eu ganhava um salário razoável. Nunca me foi dito nada. Nunca perguntei”, disse o acusado, em depoimento. “Às vezes tinha uma bonificação, às vezes tinha um pouco a mais”, acrescentou.

Segundo Bezerra, quem organizava o esquema de pagamentos era Carlos Miranda, preso junto com o ex-governador. Miranda e Cabral foram sócios em uma empresa, a SCF Comunicação e Participações e são amigos de infância. No entanto, o próprio Cabral passou a instruir recebimentos e pagamentos a partir de 2016.

Bezerra confirmou que levou dinheiro ao escritório de Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, umas cinco ou seis vezes. O dinheiro era entregue em espécie, em quantias que alcançavam centenas de milhares de reais transportado dentro de uma mochila, segundo a investigação.

O acusado também afirmou que levou dinheiro a duas joalherias, H. Stern e Antonio Bernardo, mas que não transportou as joias.

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Na contabilidade paralela que Bezerra fazia do esquema foram encontradas as anotações sobre arrecadação de propina e pagamento a membros da organização, além de familiares de Cabral. Ele confirmou que fazia pagamentos regulares de mesadas a parentes do ex-governador. Entre os citados estão a mãe de Cabral, Magaly Cabral, os irmãos Maurício e Claudia, a sobrinha Maria, os filhos de Cabral e a ex-mulher Suzana Cabral.

Durante o governo de Cabral no Rio, Bezerra exerceu cargo em comissão de Assessor Especial da Diretoria-Geral de Administração e Finanças, da Secretaria de Estado da Casa Civil.

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