'Esquema era dez vezes maior' diz doleiro de Cabral

Um dos delatores do esquema de corrupção liderado pelo ex-governador do Rio, Renato Chebar disse em depoimento que a corrupção acabou se revelando bem maior do que ele supunha

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Por Mariana Sallowicz
Atualização:

RIO - O doleiro Renato Chebar, um dos delatores da organização criminosa que seria liderada pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), afirmou em depoimento nesta quarta-feira, 28, que o esquema de corrupção se revelou muito maior do que supunha. Chebar e seu irmão Marcelo são apontados como doleiros contratados por Cabral.

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“Eu era só uma célula. Hoje vejo que o esquema era dez vezes maior”, disse o doleiro ao juiz Marcelo Bretas, responsável pelos desdobramentos da Lava Jato no Rio. Os irmãos devolveram cerca de US$ 100 milhões para os investigadores. Procurada, a defesa de Cabral não foi localizada.

Bretas questionou Chebar se Cabral tinha algum constrangimento com a movimentação do dinheiro no exterior, mas ele negou. “Era natural, era um negócio”, disse. Segundo ele, os recursos enviados para fora do País aumentaram consideravelmente quando Cabral se tornou governador, em 2007 – os doleiros administravam contas de Cabral desde 2000.

Os irmãos, que prestaram o primeiro depoimento à Justiça, relataram ainda que os recursos eram usados para pagar despesas pessoais dos envolvidos no esquema, como boletos de INSS de funcionários dos membros da organização.

O doleiro Marcelo Chebar, que também foi ouvido, disse ainda tinham uma sala alugada em Ipanema, na zona sul do Rio, onde guardavam dinheiro de Cabral. O local mantinha os recursos enquanto outro doleiro não passava para coletar.

Marcelo afirmou ter deixado o País após delatar o esquema por medo. “Mexi com pessoas poderosas. Cabral foi governador duas vezes”, disse.

O seu irmão Renato afirmou que o seu maior erro foi ter aceitado Cabral como seu cliente. “A minha função era só transferir o dinheiro”, disse ao juiz, que rebateu que ele recebia para isso.

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Renato Chebar disse ainda que se reunia com Wilson Carlos, ex-secretário de governo de Cabral, e Carlos Miranda, apontado como operador do esquema. Este último era o contato de Chebar com o grupo. Os dois também são réus em processos que investigam o esquema. Ele disse que conversava quase que diariamente com Miranda por meio de programas criptografados. 

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