Especialistas brasileiros céticos sobre transplante facial

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Por Agencia Estado
Atualização:

A argumentação e a técnica de transplante facial de doador falecido anunciada nesta quarta-feira pelo médico britânico Peter Butler, do Royal Free Hospital, de Londres, é vista, em princípio, com ceticismo por especialistas brasileiros. O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Luiz Carlos Garcia, afirma que apenas em tese um transplante de rosto seria possível. O problema, segundo ele, estaria na rejeição - particularmente dos tecidos -, algo que inviabilizaria a técnica. "O paciente teria de ficar sempre sob efeito de imunossupressores, que diminuem as defesas do corpo para evitar rejeições, mas ao mesmo tempo afetam o sistema imunológico", diz ele. "A pele é o órgão mais difícil de se integrar a outro organismo", completa o diretor do Instituto Sobrapar de Cirurgia Plástica de Campinas, Cássio Raposo do Amaral. "Atualmente não seria possível fazer um implante como esse." Para Garcia seria mais fácil aceitar idéia de se "criar" uma orelha, por exemplo, com técnicas de engenharia genética, e que não provocasse rejeição, do que um transplante. Afora a questão técnica, Garcia imagina que um transplante desse tipo "envolveria problemas de identidade interior e exterior", que trariam discussões bastante complexos. Apesar da argumentação, uma cirurgia como essa ainda não é levada em consideração no meio médico, afirmam os especialistas. "Por enquanto ainda é ficção."

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