Especialista vê interferência

Coordenador do vestibular da Unicamp critica projeto de cotas

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Por Redação
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O físico Leandro Teffler, coordenador executivo do vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), criticou ontem a aprovação, pela Câmara, do projeto que torna obrigatória a adoção do sistema de cotas, com recorte racial, nas escolas federais. Para o especialista - um dos idealizadores do Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social da Unicamp, implantado em 2005 -, o projeto interfere na autonomia das universidades e ignora as diferentes realidades do País. "As universidades precisam ter autonomia para decisões desse tipo e procurar o modelo mais adequado à sua realidade", afirmou. Segundo o especialista, há lugares do País onde não existe demanda para as cotas determinadas - correspondentes a 50% das vagas: "Em poucos lugares vamos encontrar uma demanda nesse nível". Outro problema identificado por Teffler é a limitação que a lei pode impor à busca de soluções para a inclusão social: "O projeto faz tábula rasa de todos os projetos de ação afirmativa. Parece que a única ação possível é a reserva de cotas". O sistema de cotas da Unicamp tem um recorte racial, semelhante ao do projeto votado na Câmara. "O conselho universitário quis deixar claro que a instituição está preocupada com a questão da diversidade no corpo discente." Nas universidades públicas que já adotaram sistemas de cotas, a maioria optou pelo recorte racial. Uma das exceções é a Universidade de São Paulo (USP), que reservou vagas apenas para egressos de escolas públicas de ensino médio, sem preocupação com a cor da pele do candidato à vaga. Segundo a pró-reitora da área de graduação da USP, professora Selma Garrido Pimenta, essa opção tem uma razão clara: a constatação de que a grande maioria dos estudantes que cursam o ensino médio o faz em escolas públicas e que, por outro lado, o maior número dos que entram na USP vem de escolas particulares e de pré-vestibulares. "Decidimos mudar esse quadro, ampliando o número de estudantes de escolas públicas na USP", disse a professora. "Essa é a nossa política."

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