Considerado uma das maiores autoridades européias na área de prevenção à dependência química, o professor sueco Torgny Peterson criticou teses que defendem a legalização das drogas durante seminário realizado pela Secretaria Especial de Prevenção à Dependência Química, da prefeitura, hoje no Rio. O especialista usa como argumento o alto índice de dependentes de drogas legais. "No afã de resolver a questão das drogas, as pessoas propõem sua legalização. Se a legalidade fosse solução, há muito tempo estaria resolvido o problema do alcoolismo", citou Peterson, que dirige as entidades Cidades Européias Contra as Drogas, que congrega 264 cidades de 37 países europeus, e a Rede Nórdica Hassela, que reúne 600 profissionais suecos para estudar e discutir dependência química. De acordo com dados do especialista, 5.000 pessoas morreram na Suécia por alcoolismo, no ano passado, enquanto 230 pessoas foram vítimas de drogas ilegais, no mesmo período. O especialista refutou ainda argumentos de que a decisão sobre o uso de drogas seja questão de livre arbítrio, como defendem alguns estudiosos. "Não pode haver direito humano que garanta a destruição do ser humano, da sua família. Direito humano é ter respeito com o próprio indivíduo", disse. Durante o seminário, Peterson lembrou que a Suécia experimentou a distribuição gratuita de drogas para dependentes químicos, entre 1965 e 1967. A idéia era reduzir a violência provocada pelo tráfico de drogas. "Mas na Holanda, onde há programa semelhante, a violência não diminuiu. Na minha opinião, distribuir droga a viciado é estupidez. É como dar uísque a alcoólatra", afirmou. Peterson criticou duramente a política holandesa de prevenção a drogas. Ele mostrou uma revista feminina publicada naquele país em que a modelo da capa aparece com uma seringa, ao lado da inscrição "Heroína é chique". "A distribuição de drogas não é tratamento, é forma de deixar quieto o dependente" afirmou. O especialista afirmou que qualquer programa de prevenção deve partir de sérias pesquisas sobre o perfil do usuário, o tipo de droga que ele consome, como é o acesso à droga. "Não tenho receita de bolo para resolver a questão da droga no Brasil, mas vocês devem conhecer a realidade dos dependentes de droga das suas cidades", aconselhou. Nos próximos dias, Peterson vai conhecer experiências da prefeitura do Rio na área de prevenção ao uso de drogas.