ESPECIAL MENSALÃO: A hora da sentença

Sete anos depois, mensalão será julgado no STF; resultado pode concluir capítulo sombrio e ainda aberta na popular Era Lula

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Por Redação
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Um complexo esquema de pagamento de parlamentares que envolve a cúpula do partido que ocupa o Palácio do Planalto. Até aqui, acusadores e acusados do escândalo do mensalão concordam. O que o Supremo Tribunal Federal decidirá a partir de quinta-feira é se o dinheiro usado era público ou privado, e se os recursos foram destinados só para pagar dívidas de campanha, como dizem os advogados dos réus, ou se foram usados na verdade para comprar apoio ao governo Luiz Inácio Lula da Silva.

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O julgamento do mensalão chega à fase final com um processo que acumula 50 mil páginas, 600 depoimentos e várias manobras de defensores para adiar seu desfecho. Após pressões internas e externas, os ministros do STF devem concluir os trabalhos e dar as sentenças em pouco mais de um mês, às vésperas das eleições municipais.

A presidente Dilma Rousseff quer se manter distante do tema, receosa das consequências que o resultado trará ao governo. Trabalha para manter em pauta sua "agenda do desenvolvimento".

Já Lula tem se dedicado, desde que desceu a rampa do Palácio do Planalto, a tentar provar o que chama de "farsa do mensalão". Incentivou a criação de uma investigação no Congresso que tem antigos adversários como alvo e trabalhou pelo adiamento do julgamento.

Além de tirar do PT o discurso da ética, o escândalo de 2005 teve como consequência a cassação de três mandatos na Câmara, incluindo o de Roberto Jefferson (PTB), autor da denúncia que expôs o esquema, e o do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, apontado como "chefe da quadrilha" na denúncia do então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. Parte dos parlamentares que sacaram dinheiro das contas do empresário Marcos Valério renunciou. Parte foi absolvida pelos colegas, numa ação política que será lembrada principalmente pela dança da pizza da petista Angela Guadagnin.

Agora, a atenção se volta ao Supremo e aos 11 ministros que terão a responsabilidade de decidir mais que o futuro dos 38 réus do processo. Além de colocar em xeque um modelo de alianças partidárias, o resultado será determinante na conclusão de um capítulo sombrio ainda em aberto da popular Era Lula.

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