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Esforço do governo é impedir desemprego elevado, diz Dilma

Presidente classificou o tema como de 'grande preocupação' após a divulgação do índice de 9% no trimestre até outubro de 2015

Por Rachel Gamarski , Carla Araujo , Daiene Cardoso , Isadora Peron e Tania Monteiro
Atualização:

Atualizada às 14h40

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BRASÍLIA - Após o divulgação dos dados do desemprego, em 9% no trimestre até outubro de 2015, a presidente Dilma Rousseff classificou o tema como a grande preocupação do governo. "Todo o esforço do governo, inclusive nesse caso do crédito, é para impedir que, no Brasil, nós tenhamos um nível de desemprego elevado", afirmou durante café da manhã com jornalistas de sites, revistas e agências internacionais.

Durante sua fala, a presidente disse ainda que reequilibrar o Brasil num quadro em que há queda de atividade implica, necessariamente, em ampliar impostos. Numa referência à volta da CPMF, Dilma ressaltou que a aprovação do imposto pelo Congresso "é fundamental para o País sair mais rápido da crise".

PresidenteDilma Rousseff durante café da manhã com jornalistas-setoristas do Palácio do Planalto Foto: Ichiro Guerra

Para a presidente, as três prioridades do governo no Congresso são CPMF, Desvinculação das Receitas da União (DRU) e Juros sobre Capital Próprio (JCP). "No curto prazo, no Congresso, a pauta tributária do governo é CPMF, DRU, aprovação de JCP, da alteração dos critérios de JCP e ganhos de capital", afirmou.

Dilma avaliou ainda que esses três projetos "são essenciais e para perseguir o primário e, ao mesmo tempo, reequilibrar fiscalmente".

A presidente defendeu a CPMF como um imposto que se dissolve e se espalha por todos e de "baixa intensidade", além de ter um pequeno impacto inflacionário e permitir controle de evasão fiscal. "Se você considerar os demais impactos, (os da CPMF são) pequenos em consideração aos demais que, por ventura ocorreriam se você tentasse outras formas", disse.

Programas sociais. Dilma voltou a afirmar nesta sexta-feira que mesmo diante da crise econômica, o governo não abriu mão de continuar investindo nos programas sociais.

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"Nós tentamos, de todas as formas, manter os programas sociais. A palavra de ordem é reformar os projetos para preservá-los. Tem quem reforme para acabar com as coisas, nós, não", disse.

Segundo Dilma, o governo trabalhou para não abandonar tudo o que estava fazendo e garantir que o País não fosse voltar atrás "nem inclusão social nem nos investimentos".

Ela, no entanto, reconheceu que, no último ano, a realidade orçamentária do País fez com que o governo tivesse que cortar gastos e redefinir prioridades. A presidente citou como exemplo o pacote de ajuste fiscal aprovado no ano passado pelo Congresso, que implicou mudanças nas leis trabalhistas. "Em nenhuma circunstância tiramos direitos dos trabalhadores, nós melhoramos as políticas. Não podemos ter uma política de seguro-desemprego que não feche com realidade fiscal", afirmou.

A presidente disse ainda que o governo está revendo todos os investimentos e que o objetivo é colocar em dia as obras que estão em andamento e começar novas somente quando houver dinheiro em caixa. Segundo ela, um exemplo disso é que o governo pretende não só concluir a interligação do Rio São Francisco até o final do ano, como colocar em prática um plano de revitalização da região por onde passa o rio.

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Crédito. Em meio a discussões sobre aumento de crédito a alguns setores da economia, Dilma disse que é possível aumentar o volume de crédito sem subsidiar, "principalmente quando você trata de crédito de longo prazo no Brasil". Para a presidente, a taxa de juros de longo prazo (TJLP), não é crédito subsidiado. "A política restritiva pelo lado do fiscal é necessária e isso não significa que você não pode ter uma política de crédito que não seja desestruturante", afirmou.

Ainda segundo a presidente, não houve, em nenhuma circunstância no Brasil discussão para eliminar o crédito para a agricultura. Segundo ela, o governo não está agindo da mesma forma de quando fazia programas de controle e que classificou como anticíclicos. "Nós não fazemos subsídios daquela proporção e daquele jeito, mas crédito direcionado para a agricultura continuou existindo", disse.

Na avaliação da presidente, o Brasil está se adequando à nova realidade econômica, mas é possível os bancos ampliarem o volume de crédito e que isto não significa que eles terão qualquer impacto fiscal. "Nós não estamos utilizando o fiscal para garantir o volume de crédito", destacou.

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Durante o café-da-manhã, a presidente reconheceu que há dificuldade de equilibrar o fiscal sem um nível mínimo de crescimento econômico e lembrou que o governo experimentou isso no ano passado.

Para a presidente, o crescimento do País depende diretamente da estabilidade fiscal e do controle da inflação. "É preciso considerar que precisa de estabilidade fiscal e controle da inflação até para viabilizar o investimento privado. Para haver crescimento econômico você tem de ter equilíbrio fiscal e controle da inflação", disse.

Juros. Questionada sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana que vem, a presidente afirmou que não fala sobre juros. "Eu não falo de juros, acho que essa é uma questão que afeta o BC e quando ela é discutida desta forma ela leva a especulações e manipulações", disse. 

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