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Escolhido tem carreira política e é muito religioso

Amigo de Jobim, Direito teve lobby poderoso a seu favor, até da Igreja

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Por Marcia Vieira e RIO
Atualização:

Carlos Alberto Menezes Direito, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) indicado pelo presidente Lula para a vaga do ministro Sepúlveda Pertence no Supremo Tribunal Federal (STF), tem fama de conservador. Mas os amigos, como a escritora Nélida Piñon, dizem que é intriga da oposição. "Ele não é conservador. É um homem extremamente religioso que defende certos princípios, mas é aberto a discussões", diz Nélida, amiga há 27 anos. Sua forte ligação com a Igreja é notória. No Judiciário, comenta-se que figuras da alta hierarquia da Igreja Católica procuraram o Planalto para reforçar o pedido por sua indicação para a vaga no STF. Direito nasceu em Belém, mas mora no Rio desde os dois anos. É formado pela PUC e há 19 anos está na magistratura. São 11 anos no STJ e oito como desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A vaga no TJ foi indicação do amigo Moreira Franco, então governador do Rio. Direito foi seu secretário de Educação (1987 a 1988). Sua estréia na política foi em 1975, como chefe de gabinete do então ministro da Educação, Ney Braga, no governo Ernesto Geisel. Depois ocupou o mesmo cargo na prefeitura de Israel Klabin, no Rio. No governo Sarney, foi presidente da Casa da Moeda. Antes de entrar no PMDB, foi do PDC (Partido Democrata Cristão). Moreira Franco, vice-presidente de Loterias da Caixa Econômica Federal, fez parte da campanha para que Direito fosse indicado para STF. "Ajudo os meus amigos sempre que posso. Já tinha feito a mesma coisa para que o Fernando Henrique o indicasse para o STJ." LOBBY PODEROSO Carlos Alberto Direito também é amigo íntimo do Ministro da Defesa, Nelson Jobim. Os dois, junto com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo, se reúnem uma vez por semana, em Brasília, para ter aulas de filosofia e lógica com o professor Júlio Cabrera, da UnB. Na disputa por uma vaga na mais alta corte de Justiça do País, Direito teve o apoio de outro ministro do STF, Eros Grau, que sonha com uma vaga na Academia Brasileira de Letras e, neste caso, conta com o apoio de Direito, influente entre os imortais. Em 2005, ele teve um desentendimento com o presidente do STJ, ministro Edson Vidigal. Direito queria que fosse colocado um crucifixo no plenário. Numa votação secreta, a colocação da imagem de Cristo ganhou por um voto. Vidigal, ainda assim, foi contra. Defendia que, como o Estado é laico, não poderia escolher uma religião. Direito insistiu. Vidigal enrolou. Como o crucifixo não foi colocado, a relação entre os dois ficou abalada. Morador do bairro de Copacabana, Direito tem três filhos - um juiz, um advogado e uma promotora que mora em Londres - e seis netos, com quem costuma ir à praia. O temperamento lhe rendeu a fama de prepotente. "Ele é um homem intransigente com a disciplina. É do tipo Caxias, mesmo. Não tem constrangimento em reclamar", diz o ex-desembargador Antonio Carlos Amorim, seu colega nos tempos de Tribunal de Justiça.

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