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Escolas do Rio deixam professores doentes

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Por Agencia Estado
Atualização:

As péssimas condições de trabalho causam problemas de saúde para os profissionais de educação do Estado do Rio de Janeiro, e diminuem o tempo de exercício da profissão. A conclusão é da pesquisa ?Readaptação Profissional: A Ponta do Iceberg?, feita pelo Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh) da Fundação Oswaldo Cruz. Num universo de 150 mil profissionais, 15.441 (mais de 10%) tiveram de mudar de atividade, entre 1993 e 1997, por causa de problemas de saúde. O estudo foi elaborado para o Sindicato Estadual do Trabalhadores em Educação (Sepe), com dados da Secretaria de Administração do Estado. "Desde então, a situação não melhorou. Nos cinco anos estudados, os casos de readaptação triplicaram entre as professoras", diz uma das coordenadoras da pesquisa, a engenheira Jussara Brito, doutora em saúde pública. Segundo ela, tudo indica que a doença vem aparecendo cada vez mais cedo, pois a readaptação ocorre entre pessoas mais jovens e com menos tempo de vida ativa. O trabalho vai além do diagnóstico da situação. "Envolvemos os pesquisados e eles mesmos começam a tomar providências para mudar suas condições de trabalho", diz a especialista. Readaptação é o nome genérico do processo de mudança de atividade, causado por impossibilidade do exercício da antiga função. "Sabemos que os números reais são ainda maiores", diz Jussara. Segundo o Sepe, a prefeitura do Rio não forneceu seus dados. Entre 1993 e 1997, 1.539 professores do Estado foram afastados da sala de aula e passaram a exercer outras atividades por problemas de saúde. Acústica Entre os diagnósticos, predominam os que envolvem as áreas de psiquiatria (26%), otorrinolaringologia (24%), cardiologia (12%) e ortopedia (8,5%). Entre serventes e merendeiras, 13.902 foram readaptadas e as causas principais foram cardiologia (32%), ortopedia (20%), reumatologia (16%) e clínica médica. "As condições físicas das escolas, a sobrecarga de trabalho, a falta de material apropriado para as aulas e os salários baixos, que obrigam os profissionais a ter dois empregos no Estado e ainda uma terceira atividade, contrastam com as exigências de sua profissão e produzem essa situação de sofrimento", explica Jussara. "É o caso das merendeiras e serventes, em que predominam problemas cardíacos e oesteomotores, e das professoras, que têm mais casos de psiquiatria e de fonoaudiologia." Jussara ressalta que algumas soluções já foram encontradas a partir de discussões entre os próprios profissionais. "Além de averiguar as fichas da Secretaria de Educação, buscamos a experiência deles e provocamos discussões" conta. Um exemplo ocorreu em uma escola em Barra Mansa, onde as merendeiras tinham de carregar imensas panelas de comida de um andar para outro. "Foi só mudar o refeitório para o mesmo andar da cozinha para contornar o problema", diz Jussara. Mas ela ressalta que a questão é mais ampla. No caso das professoras, os prédios escolares não são adequados. "É comum a queixa de que os Cieps, por exemplo, têm uma acústica que as obriga a forçar a voz, o que agrava os problemas fonoaudiológicos."

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