O programa Escola Aberta, com abertura das escolas nos fins de semana para atividades culturais, sociais e esportivas de alunos e jovens da comunidade, reduziu os índices de violência registrados nos estabelecimentos e melhorou o aproveitamento escolar, disse hoje o representante da Unesco no Brasil, Jorge Werthein. Em Pernambuco e no Rio de Janeiro, primeiros Estados a adotarem o programa recomendado pela Unesco (braço da Organização das Nações Unidas para a Cultura), o índice de redução de criminalidade em relação a escolas que não contam com o programa foi de 60% para as que implantaram o Escola Aberta desde o ano 2000, e de 30% para as que o adotaram no ano passado. O trabalho de avaliação realizado em junho e o relatório final, com todos os dados, deverá ser divulgado em 20 dias. O levantamento da Unesco levou em conta 16 itens de criminalidade registrados nas escolas, como furto, roubo com arma, posse de arma de fogo, homicídio, tráfico de drogas, depredações e pichações. A redução foi mais significativa nos atos de violência que têm maior correlação com a escola. Práticas violentas mais pesadas e vinculadas a problemas estruturais que independem do estabelecimento, a exemplo de tráfico de entorpecentes, tiveram diminuição menos expressiva. Werthein destacou a importância do Escola Aberta como estratégia de caráter preventivo, que exige pouco investimento e traz muitos benefícios. Ele afirmou que no programa o custo de um jovem é de R$ 1,00 por mês enquanto um menor infrator atendido pela Fundação de Amparo ao Adolescente (Fundac) representa um gasto mensal de R$ 1,5 mil. A maior redução da violência observada nos locais onde o programa tem mais tempo de existência, mostra, segundo ele, que os resultados vão se tornando melhores a longo prazo, com a incorporação do programa pela comunidade. Em Pernambuco, 285 escolas de 14 municípios da Região Metropolitana do Recife têm o Escola Aberta, cada uma delas atendendo a cerca de 250 jovens por semana. As escolas selecionadas foram as com maior ocorrência de violência, frequentadas por jovens excluídos socialmente. Do total de escolas, 150 são estaduais e o restante municipais. O programa tem 300 coordenadores (com remuneração de R$ 180,00) e 200 dinamizadores (R$ 150,00 mensais) e deverá se expandir. O Escola Aberta foi implantado simultaneamente no Brasil, México e Argentina em 2000, mas somente o Brasil, até agora, teve avaliação da experiência. O resultado positivo será levado como exemplo a ser seguido por países africanos em uma reunião da Unesco com os ministros de Educação dos países daquele continente prevista para se realizar em dezembro na Tanzânia.